O Paradoxo Tecnológico Brasileiro

publicado em 25.06.2009

 

Há dez anos o editor desta letterícia publicou um artigo no jornal Gazeta Mercantil intitulado “Paradoxo Tecnológico” (baixar aqui), onde apontava para o paradoxo tecnológico europeu (excelência e pujança em pesquisa básica e fundamental que não se transladava, ou se transformava, em excelência e sucesso comercial), e que o mesmo fenômeno acontecia com o Brasil.

 

Passados dez anos é possível perguntar: o Brasil ainda enfrenta o paradoxo tecnológico? A resposta é um sonoro SIM!  E os argumentos para esta resposta são os seguintes.

 

Em primeiro lugar é preciso atestar que nos últimos dez anos o Brasil avançou sensivelmente em termos de sua capacitação científica.  O número de mestres e doutores  formados  no  país  praticamente triplicou na última década, como pode ser

Próxima edição:

 

Infraestrutura Dinâmica

publicada em 28.06.2009

Em fevereiro deste ano a IBM publicou um importante white paper intitulado "Dynamic Infrastructure Helping Build a Smarter Planet: Delivering Superior Business and IT Services with Agility and Speed" (Infraestrutura Dinâmica Ajudando a Construir um Planeta mais Inteligente: Entregando um Negócio Superior e Serviços de Tecnologia de Informação com Agilidade e Velocidade)...

 

Edição anterior:

 

Pensando o Futuro do Brasil: a ABINEE já começou!

publicada em 15.06.2009

Pensar o futuro é uma tarefa sempre envolvente, porque proporciona a sinalização de um conjunto de nossas expectativas sobre ele, bem como permite uma fuga do "atual presente" em direção a um desejável "futuro presente".
A atividade de pensar o futuro, e de criar cenários para formulação de políticas em sua direção, já foi uma tarefa mais habitual no Brasil contemporâneo. Afinal, havia uma determinada crença...

 

visto na Figura 1, que foi retirada de uma reportagem do jornal Valor Econômico, de 19/06/2009.   Em 2008 o país passou para o 13º colocado no ranking dos países que mais publicaram trabalhos científicos (ver Figura 2, também do Valor Econômico), e hoje ocupa o 19º lugar no ranking mundial de citações científicas (Figura 2, também do Valor Econômico).  Alguns especialistas têm apontado que o crescimento recente no número de artigos publicados não se deve a uma elevação da produtividade dos cientistas brasileiros, mas à ampliação do número de revistas e periódicos brasileiros indexados num dos principais mecanismos de registro de publicações científicas internacionais, que é o Web of Science.

 

A questão, entretanto, que não quer se calar é a seguinte: este avanço científico tem se transformado em excelência e sucesso tecnológico, e comercial?  A primeira resposta é um imediato NÃO!  A excelência e o sucesso tecnológico são medidos através de vários indicadores.  Um destes é o número de pedidos de patentes registradas em organismos internacionais de registro de patentes, ou no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual- INPI.  Outro indicador é o crescimento do número de empresas de base tecnológica.  Observando o primeiro indicador, no cenário internacional de registro de patentes constatamos que daquelas patentes registradas no mundo 75% delas pertencem a apenas cinco países/regiões do planeta: EUA, Japão, Europa, Coréia do Sul, e China, e de todas estas registradas, 74% das patentes que foram concedidas vêm destas mesmas regiões ((ver Figura 3, retirada do documento “Patented in China: The Present and Future State of Innovation in China”, Thompson Reuters, 2009). Ou seja, o Brasil está no bolo dos 25% restantes.

 

Quando se observa o cenário nacional, os números não são nada alvissareiros.  E o problema maior se deve ao fato de que os patenteadores principais no Brasil não são as empresas, e sim as universidades. Como apontado recentemente pelo jornal Valor Econômico, divulgando uma pesquisa da empresa Prospectiva Consultoria, as grandes universidades do país ultrapassaram um dezena de tradicionais empresas inovadoras e hoje são responsáveis pela maioria dos pedidos de patentes para novos produtos no Brasil. Entre 2001 e 2008, as maiores universidades protocolaram 1.359 pedidos junto ao INPI, superando os 933 pedidos das dez empresas que mais inovam (ver Figura 4, do jornal Valor Online de 12/06/2009).

 

A avaliação geral que tem sido feita é que apesar dos recentes mecanismos que foram criados no país (tais como os Fundos Setoriais, os benefícios tributários previstos na Lei da Inovação e na Lei do Bem), é que a atividade de inovação (que leva à excelência tecnológica e comercial) no Brasil não parece ter chegado às empresas nacionais na proporção que tanto o país necessita.

 

O argumento que defenderemos daqui para frente é o de que a questão do paradoxo tecnológico brasileiro não pode ser encontrada unicamente nem na dimensão do capital humano (afinal estamos produzindo muitos doutores e mestres, os principais ingredientes para o desenvolvimento de pesquisas), nem na dimensão recursos (afinal, como o governo federal vem “propalando” recentemente: “nunca na história deste país se viu tantos recursos para P&D!”), mas sim na questão da gestão da inovação.  Como argumentaremos na próxima letterícia, e parodiando a música portuguesa: “Inovar é Preciso; Gerir Inovação não é Preciso!”, onde o preciso aqui tem o sentido de precisão/exatidão, e não de necessidade!  Em resumo, vamos defender que a questão do paradoxo tecnológico no Brasil diz muito respeito à questão da gestão da inovação, uma vez que apesar da inovação ser um ato preciso de observação de uma oportunidade, a exploração desta oportunidade é algo complexo e que requer um tratamento especializado em função das várias dimensões nela envolvidas.

 

Se sua empresa, organização ou instituição deseja saber mais sobre gestão da inovação, fique a vontade para nos contatar!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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