Evolução das Teorias da Administração, Peter Drucker e a Gestão das Empresas de Software no Brasil

publicado em 27.08.2009

 

Na letterícia de 10/08/2009, argumentamos que a maioria das empresas de desenvolvimento de software no Brasil (que são de micro, pequeno e médio portes) está enfrentando retornos decrescentes de escala (custos médios crescentes à medida que a produção aumenta), e que das duas condições uma pode estar ocorrendo: a) ou a engenharia de desenvolvimento de software no país está ocorrendo sem ganhos de produtividade, b) ou a gestão destas empresas tem sido conduzida de modo precário!  Na letterícia seguinte, de 17/08/2009, mostramos que desde os anos 50 do século passado a engenharia de desenvolvimento de software vem sofrendo grandes transformações, o que leva a acreditar que talvez isto esteja impactando   fortemente   nos   seus   processos   gerenciais.   Daí   levantarmos   as

Próxima edição:

 

Por uma Teoria dos Recursos Computacionais da Empresa!

publicada em 31.08.2009

Não é mais novidade para ninguém que hoje nós vivemos a Era da Computação!  No ano de 2005 foi divulgado nos Estados Unidos, através do President´s Information Technology Advisory Committee - PITAC (ou seja, o Comitê de Assessoria de Tecnologia de Informação do Presidente daquele pais) o...

 

Edição anterior:

 

As empresas de software no Brasil: pequenas porque são improdutivas?

publicada em 17.08.2009

Na letterícia passada, indagávamos que a maioria das empresas de desenvolvimento de software (micro, pequenas e médias) no Brasil possivelmente estaria enfrentando retornos decrescentes de escala (custos médios crescentes à medida que a quantidade produzida aumenta), e que de duas condições uma poderia estar acontecendo: ou a engenharia de...

 

seguintes questões relacionadas com a estrutura e a dinâmica das empresas de software no Brasil: a) Como é que estas empresas foram organizadas? 

 

Como elas vêm gerindo as constantes transformações na forma como software é produzido? E, finalmente, será que a forma como elas vêm sendo geridas está comprometendo o seu desempenho?

 

Para responder a estas questões recorremos à evolução das Teorias da Administração, e particularmente às contribuições de Peter Drucker, considerado um dos pais da Administração Moderna.  Como podemos ver na Figura 1 abaixo, do livro “Contemporary Management (Administração Contemporânea)”, de Gareth R. Jones e Jennifer M. George, 2006, 4ª. Edição, Editora McGraw-Hill, desde a transição dos séculos 19 e 20 até a transição dos séculos 20 e 21, podem ser observadas pelo menos cinco blocos temáticos na evolução do pensamento administrativo. 

 

O que hoje se denomina como surgimento da Administração Moderna começou nas décadas finais do século 19, depois que a revolução industrial varreu a Europa, Canadá e os EUA.  F. W. Taylor (1856-1915) definiu as técnicas da Administração Científica, o estudo sistemático das relações entre pessoas e tarefas para o propósito de redesenhar o processo de trabalho para aumentar a eficiência produtiva.  Naquela época, Henry Ford revolucionou a indústria automobilística com o desenvolvimento da manufatura da produção em massa.

 

Bem ao lado dos administradores científicos que estudavam o mix de pessoas-tarefas para aumentar eficiência, outros pesquisadores focavam na Gestão Administrativa, o estudo de como criar uma estrutura organizacional que levasse à alta eficiência e eficácia.  A estrutura organizacional é o sistema de relações entre tarefa e autoridade que controla como empregados usam recursos para atingir as metas da organização.

 

Os teóricos da Administração Comportamental escrevendo na primeira metade do século 20 expuseram um tema que focava em como os administradores/gerentes poderiam se comportar pessoalmente de modo a motivar empregados e encorajá-los a desempenhar em altos níveis e se comprometerem a atingir as metas organizacionais.  A Teoria da Ciência Administrativa é um enfoque contemporâneo para a gestão que foca no uso de rigorosas técnicas quantitativas para ajudar os administradores/gerentes fazerem o máximo uso dos recursos organizacionais para produzir bens e serviços.

 

Um importante marco na história do pensamento administrativo ocorreu quando pesquisadores foram além do estudo de como administradores/gerentes poderiam influenciar comportamento no seio das organizações para considerar como eles poderiam controlar as relações da organização com seu ambiente externo, fazendo emergir a Teoria do Ambiente Organizacional.

 

Mas eis que chegamos a Peter Drucker.  Drucker escreveu vários livros e artigos explorando como seres humanos estão organizados em negócios, governos e setores não-lucrativos da sociedade.  Seus escritos previram muitos desenvolvimentos do final do século 20, incluindo privatização e descentralização; a emergência do Japão como uma potência econômica mundial, a importância decisiva do marketing; a emergência da “sociedade da informação” com sua necessidade do aprendizado contínuo; cunhou o termo “trabalhador do conhecimento”, e finalmente considerou que a produtividade do trabalhador do conhecimento como sendo a “próxima fronteira da Administração”.

 

Para os fins desta letterícia podemos extrair alguns registros de um de seus mais importantes trabalhos, que foram publicados inicialmente no seu livro “The New Realities” (As Novas Realidades), de 1988, e, marcadamente, seu capítulo 1, intitulado “Management as Social Function and Liberal Art” (Administração como Função Social e Arte Liberal), capítulo que foi re-publicado no seu livro “The Essential Drucker” (O Drucker Essencial), de 2003.

 

Neste texto Drucker afirma que um importante avanço na disciplina e prática da Administração é o da absorção do Empreendedorismo e da Inovação.  Segundo ele,

 

qualquer organização existente, seja um negócio, uma igreja, um sindicato de trabalhadores, ou um hospital, afunda rapidamente se não inova. Alternativamente, qualquer organização nova, seja um negócio, uma igreja, um sindicato de trabalhadores, ou um hospital, colapsa se não gerencia. Não inovar é a única grande razão para o declínio das organizações existentes. Não saber como gerenciar é a única grande razão para o fracasso dos novos empreendimentos”.

 

Mas a mais interessante afirmação de Drucker (em nossa opinião) foi a de que apesar do que ele expôs acima, pouquíssimos livros prestam atenção para o Empreendedorismo e a Inovação.  Uma razão, segundo ele

 

 “é que durante o período depois da Segunda Guerra Mundial, quando a maior parte daqueles livros foi escrita, gerenciar o existente mais do que inovar o novo e o diferente era a tarefa dominante. Durante este período a maioria das instituições se desenvolveu em linhas que foram estabelecidas trinta a cinqüenta anos antes. E isto agora mudou dramaticamente.  Nós entramos novamente numa era de inovação, e isto não é confinado apenas ao high-tech, ou à tecnologia em geral.  De fato, inovação social deve ser de uma importância maior e tem muito mais impacto do que a invenção científica ou técnica.”

 

Neste sentido, ao nos apropriar destes ensinamentos de Drucker, reiteramos a nossa hipótese lançada na letterícia de 10/08/2009 de que muito provavelmente nossas empresas de desenvolvimento de software estejam sofrendo de um sério problema de gestão de inovação, já que produzir software é essencialmente desenvolver processos de inovação!

E para avançar esta linha de raciocínio, gostaríamos de indicar que talvez nós devamos definitivamente assumir que estamos conformando um novo bloco temático na evolução da Administração, o qual deve incorporar algo que é ainda pouco tratado nos livros de gestão, como são os Recursos Computacionais hoje à disposição de qualquer negócio, uma igreja, um sindicato de trabalhadores, ou um hospital, tal como exemplificou Drucker.  Ou seja, ao lado Recursos Humanos e dos demais Recursos Tangíveis e Intangíveis tradicionais para os quais a Administração voltou sua atenção em sua etapa moderna, ela pode, e deve, também considerar os principais recursos (como são os Recursos Computacionais) da Era da Informação, e da Sociedade da Informação, e da Era da Inovação, como Drucker nos sugeriu.

 

Nas próximas letterícias vamos mostrar como estamos vendo este novo bloco temático, que por ora podemos denominar como, por exemplo, Computational Resources Management Theory (Teoria da Gestão dos Recursos Computacionais), que pode ter desdobramentos como os da Organizational Architecture Management Theory (Teoria da Gestão da Arquitetura Organizacional), no caso das organizações, ou a Enterprise Architecture Management Theory (Teoria da Gestão da Arquitetura Empresarial), no caso das empresas, ao tratarmos dos seus conteúdos de informação, dos sistemas de informação, e das tecnologias de informação (e comunicação) tão presentes no mundo contemporâneo.

 

Se sua empresa, organização ou instituição deseja saber um pouco mais sobre avanços na gestão dos recursos computacionais, fique a vontade para nos contatar!

 

 

 

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