The Resurgent Hand (A Mão Ressurgente)

publicado em 15.12.2009

 

No livro The Visible Hand (1977), e em subseqüentes trabalhos, o historiador econômico Alfred Chandler focou sua atenção nas grandes, e verticalmente integradas, corporações.  Segundo Langlois (2003) ele fez isso não somente para estabelecer uma crônica da emergência desta instituição, mas também para explicá-la e para dar a ela um lugar de proeminência no crescimento econômico americano durante o século 20 e meio. 

 

A força e originalidade das idéias de Chandler se misturam no título do livro, que é uma   provocação   em   direção   ao   filósofo   e   economista  escocês  Adam  Smith,

Edições anteriores:

 

Empresa Orientada a Processos (Process Oriented Enterprise): uma tendência boa ou ruim? (Parte 2)

publicada em 06.12.2009

Vimos na letterícia passada que a discussão sobre se a organização da empresa é vertical (top down ou bottom up) ou horizontal, ou combinação de ambas as formas, é algo que cada vez mais deixa de ter relevância na gestão das empresas contemporâneas, uma vez que elas estão...

 

Empresa Orientada a Processos (Process Oriented Enterprise): uma tendência boa ou ruim? (Parte 1)

publicada em 29.11.2009

Desde que a empresa moderna surgiu, e marcadamente a partir da Era Industrial, sua estrutura de organização e funcionamento foi baseada predominantemente num modelo vertical de hierarquia, em termos de camadas de delegação de autoridade, e que refletia uma visão de...

 

considerado o Pai da Economia Moderna.  Smith tinha previsto uma crescente e interessante divisão do trabalho como a resposta à crescente extensão do mercado; e, apesar dele ser bastante vago acerca das conseqüências organizacionais da divisão do trabalho, Smith foi claro em sua insistência no poder da “mão invisível” dos mercados para coordenar a atividade econômica. 

 

O argumento de Chandler desafia esta previsão: a organização interna e a autoridade gerencial se tornaram necessárias para coordenar a economia industrial do final do século 19 e primeiras etapas do século 20.  A “mão visível” da coordenação gerencial tinha substituído a “mão invisível” do mercado.

 

Langlois (2003) desafia esta leitura de Chandler, mesmo sem romper com ele, apontando para a hipótese da “vanishing hand” (mão que se esvai, desaparece).  Segundo ele, os fatos dos últimos vinte e cinco anos do século 20 tornaram desconfortável projetar o modelo chandleriano para o presente.  Ou seja, mais do que assistirmos uma contínua dominância das empresas multi-unidades em que o controle gerencial se espalha por um grande número de estágios verticais, Langlois aponta que estamos vendo um aumento dramático na especialização vertical- uma desverticalização- que está afetando as indústrias tradicionais chandlerianas, tanto quanto as empresas high-tech no final do século 20.  Ou seja, a “mão visível”- entendida como coordenação gerencial de múltiplos estágios de produção no interior da estrutura corporativa- está se esvaindo em uma “fantasmagórica translucidação”.

 

O argumento que aqui pretendemos avançar (e desenvolver nas letterícias ao longo de 2010) é que, numa direção oposta a esta apontada por Langlois (da “mão definhante”), estamos assistindo a um rápido e complexo “ressurgimento da mão” que re-organiza a estrutura interna das empresas, possibilita novos arranjos organizacionais com sua cadeia de suprimentos, parceiros (colaboradores internos e externos) e clientes, fazendo emergir um novo papel para o controle gerencial a partir da crescente importância exercida hoje pelos conteúdos, sistemas e tecnologias de informação e comunicação- TICs no cotidiano das empresas, organizações e instituições. 

 

Em resumo, esta “resurgent hand” (mão ressurgente) reflete a proeminência tanto dos ativos informacionais/digitais (e processos a eles associados) na conformação interna das empresas contemporâneas, quanto da comunidade profissional que desenvolve e lida, de forma especializada, com estes ativos (envolvendo técnicos em conteúdo, sistemas e TICs, além dos chamados gerentes ou chief information officers- CIO´s), como também pelo crescente e disseminado uso destes ativos pelos demais profissionais das empresas.

 

Nas duas últimas letterícias demos início a uma discussão sobre a nova orientação de organização das empresas, onde apontamos que estamos vivendo a era da empresa orientada a processos automatizados, onde o que importa é o como esses processos são projetados/re-projetados, modelados/re-modelados, engenheirados/re-engenheirados, melhorados e padronizados para o alcance de performance superior!

 

Apontamos que no mundo atual as empresas estão cada vez mais adquirindo novas tecnologias de gestão de informação através da compra de software/soluções disponíveis no mercado chamados COTS-Commercial Off-The-Shelf.  As empresas selecionam uma solução de COTS que melhor se adéqüe aos seus processos de negócios. No entanto, ajustamentos nos processos de negócios existentes são necessários para acomodar os COTS e seus upgrades.  Neste sentido, apontamos que os ajustamentos dos processos e práticas de negócios para corresponderem às capacidades e funções destas novas tecnologias tem se mostrado como um novo capítulo no desenvolvimento empresarial.

 

Entretanto, deixamos no ar a seguinte questão: qual tem sido a “resposta organizacional” à crescente adoção das tecnologias de informação e comunicação- TICs? Mais especificamente ainda, deixamos a seguinte questão: a adoção das TICs (levando a uma maior automação dos processos empresariais) tem exercido, por exemplo, um papel complementar às habilidades dos trabalhadores, ou ela pode exercer um papel oposto de substituto para habilidades de trabalhadores?

 

A partir da hipótese que estamos assumindo nesta última letterícia de 2009, da “resurgent hand” (mão ressurgente), vamos argumentar nas letterícias de 2010, que o papel das TICs na conformação organizacional vai muito além da questão de complementaridade/substitutabilidade entre processos computadorizados versus pessoal capacitado (indicado nas duas letterícias anteriores), e que esta “mão ressurgente” merece uma atenção mais dedicada e aprofundada, como a que pretendemos estabelecer a partir do início do ano que vem!

Finalizando, gostaríamos de agradecer a todos os leitores desta letterícia por mais um ano de audiência e de atenção aos assuntos que aqui procuramos tratar, e esperamos contar com os mesmos (e mais outros) leitores no ano que se avizinha!

 

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Chandler, Alfred D., Jr. 1977. The Visible Hand: the Managerial Revolution in American Business. Cambridge: The Belknap Press.

Langlois, Richard N. (2003). The Vanishing Hand: the Changing Dynamics of Industrial Capitalism. Industrial and Corporate Change, Apr; 12: 351 - 385.

 

 

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