09/07/2007 Ano I - Edição 15
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A partir da última Letterícia decidimos começar a tratar o tema do crescimento das empresas com o objetivo de responder à seguinte questão: por que as empresas brasileiras de software e serviços de tecnologia de informação crescem pouco? Na literatura econômica o tema do crescimento das empresas tem estado praticamente ausente dos livros texto. Na tradicional análise neoclássica as empresas são somente caixas-pretas, e tudo que é necessário é uma função de produção (forma como os economistas tratam tecnologia) que diz como os insumos são combinados para produzir produto(s). Os manuais de microeconomia dizem pouco ou quase nada sobre a dinâmica da estrutura da indústria, e não há qualquer papel para o empreendedor ou para a evolução do tamanho da empresa.
O processo de entrada de novas empresas é visto como uma força equilibradora, de modo que em mercados onde as empresas estão aptas a auferir rendas excedentes, novas empresas entram e isto leva os lucros para zero. Em indústrias em declínio (figura abaixo) a saída de algumas empresas incumbentes (aquelas que estavam se incumbindo da produção) irá aumentar os lucros, de modo que em equilíbrio as rendas excedentes são zero.
Esta visão tradicional está em conflito com a grande evidência empírica sobre dinâmica industrial, que mostra claramente que entrada e saída em uma indústria são altamente correlacionadas, ou seja, entrada e saída têm lugar nas mesmas indústrias ao mesmo tempo. Para explicar este contínuo movimento, os economistas têm se apoiado em modelos que enfatizam heterogeneidade do produtor e seleção de mercado.
A partir dos anos 80 do século passado, a importância das novas empresas e dos empreendedores foi iluminada com a chamada Teoria Schumpeteriana do Crescimento, que, no espírito do economista austríaco Joseph Schumpeter, enfatiza o papel da destruição criativa no desenvolvimento econômico. Nela empreendedores são os principais jogadores no processo de aumento da produtividade. Eles constantemente tentam inovar e trazem novos produtos ao mercado, tornando os produtos dos rivais obsoletos, o que acelera a saída deles do mercado. Novas empresas são importantes neste processo de criação destrutiva porque elas desenvolvem inovações, e a ameaça à entrada força as empresas incumbentes a inovar também para sobreviverem na competição.
A entrada de novas empresas incrementa o crescimento da produtividade, à medida que novas empresas aceleram a saída das velhas empresas do mercado. No entanto, um grande número de novas empresas pode não ser suficiente ameaça às empresas incumbentes se as novas empresas não sobrevivem e crescem rápido o suficiente. As análises microeconômica e macroeconômica tradicionais foram omissas sobre o crescimento dos processos das empresas. Portanto, não é surpresa que a pesquisa do crescimento da empresa tenha sido, e ainda tem sido largamente, predominantemente de orientação empírica.
Nas próximas Letterícias vamos tratar de dois tipos de modelos de crescimento das empresas na literatura econômica: a) os modelos estocásticos, que sugerem que o crescimento das empresas é um processo puramente aleatório, e b) os modelos não-estocásticos. Neste segundo tipo, vamos tratar dos seguintes modelos; i) modelos de otimização baseados em aprendizado (passivo e ativo); ii) modelos de crescimento baseados em acumulação de capital humano, e aqueles de “degraus de qualidade” baseados em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e inovação estocástica; e, iii) modelos de crescimento baseados no desenvolvimento do setor financeiro.
Se sua empresa, organização ou instituição ainda não definiu sua estratégia de crescimento, sinta-se à vontade para nos contatar!
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