O Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas- FGV, acaba de publicar o livro “A Agenda de Competitividade do Brasil”, organizado pelo economista Regis Bonelli. Este é um tema que pode parecer árido ao leitor não especializado, mas ele envolve o tratamento de assuntos da mais alta relevância sobre o desempenho recente da economia brasileira.

Como apontado por Regis Bonelli em sua introdução, o tema da competitividade voltou recentemente ao centro das atenções no Brasil como resultado da valorização da taxa de câmbio real (esta taxa nos dá o preço dos bens externos em relação aos bens internos) que vem sendo observada há algum tempo. Ou seja, seu ressurgimento está intimamente associado tanto à evolução passada e prospectiva de nosso comércio exterior, uma vez que a questão competitiva frequentemente se expressa a partir do aumento da concorrência dos produtos importados- notadamente os manufaturados- quanto à mudança da composição da pauta das exportações.

Ainda segundo Bonelli, no primeiro caso, porque existe hoje no Brasil o receio de que parte substancial da produção doméstica venha a ser substituída por importações, fenômeno tipicamente associado à desindustrialização quando observado por um período de tempo prolongado. No segundo, porque existe a suspeita de que um aumento na participação dos produtos básicos, e redução dos industrializados, seja o resultado de perdas de competitividade na produção desses bens. Nessa vertente o Brasil estaria perdendo participação nas exportações de produtos industrializados devido à expansão das exportações de países com câmbio mais competitivo (isto é, desvalorizado) do que o nosso. A China é o exemplo que vem imediatamente à lembrança, salienta Bonelli.

Sendo assim, o livro tem a intenção, de alguma forma, de responder à seguinte pergunta: o Brasil tem uma agenda de competitividade? A agenda visando à melhoria da competitividade no Brasil, o desempenho da atividade econômica mais diretamente afetada por medidas de política nos últimos anos, as tendências que se esboçam para o futuro, que alternativas existiriam em relação ao que vem sendo feito (ou não), e qual seu apoio teórico são os temas de que se ocupa esta coleção de textos elaborados por pesquisadores do IBRE e analistas próximos das equipes do Instituto.

O livro está subdividido em três partes. Na Parte I, intitulada “A agenda sob o enfoque macroeconômico: conceituação e aspectos teóricos”,encontram-se dois textos: 1- Competitividade: significados, dimensões, aplicações, de Armando Castelar Pinheiro e Regis Bonelli; e, 2- Aspectos teóricos e desempenho recente: conta corrente do balanço de pagamentos e competitividade, de Samuel de Abreu Pessôa.

Na Parte II, intitulada “As políticas públicas e a agenda de competitividade”, estão os textos: 3- As políticas de competitividade na agricultura brasileira, de Mauro de Rezende Lopes, Ignez G. V. Lopes e Daniela de Paula Rocha; 4- Política industrial recente e competitividade do Brasil, de Maurício Canêdo-Pinheiro; 5- As diretrizes de política do de comércio exterior e a competitividade: o que mudou?, de Lia Valls Pereira; 6- Impactos da infraestrutura sobre a competitividade, de Pedro Cavalcanti Ferreira e Joísa Campanher Dutra; 7- O papel do BNDES no financiamento do desenvolvimento: novos e velhos desafios, de Mansueto Almeida; 8- Aspectos institucionais: regulação e competitividade – telecomunicações, petróleo e energia elétrica, de Maurício Canêdo-Pinheiro, Joísa Campanher Dutra e Adriana Hernandez-Perez.

Na Parte III, intitulada “Desempenho: setores e atividades”, temos os seguintes textos finais: 9- Desempenho da agropecuária: produtividade, competitividade e crescimento, de Mauro de Rezende Lopes, Ignez G. V. Lopes e Daniela de Paula Rocha; 10- Produtividade e competitividade da indústria brasileira de 1996 a 2010, de Aloisio Campelo Jr. E Silvio Sales; 11- Exportações brasileiras na primeira década do século XXI: desempenho e fontes de crescimento, de Lia Valls Pereira e André Luiz Silva de Souza; 12- Educação e competitividade: o desafio da melhora da qualidade do ensino no Brasil, de Fernando de Holanda Barbosa Filho; e, 13- Os prêmios da educação profissional e a competitividade, de Marcelo Neri.

Eis aí um livro de folego, que tenta discutir temas atuais e polêmicos, mas que são fundamentais para um maior esclarecimento de uma questão de difícil tratamento pelos não especialistas. De toda forma, é um livro essencial para aqueles que estão desejando empreender neste Brasil cada vez mais complexo.

Se sua empresa, organização ou instituição deseja saber mais sobre a competividade do Brasil, não hesite em nos contatar!