Como é possível extrair do livro “Contemporary Management (Administração Contemporânea)”, de GarethR. Jones e Jennifer M. George, de 2004, publicado pela McGraw-Hill/Irwin, desde a transição dos séculos 19 e 20 até a transição dos séculos 20 e 21, podem ser observados pelo menos cinco blocos temáticos na evolução do pensamento administrativo.

O que hoje se denomina como surgimento da Administração Moderna emergiu nas décadas finais do século 19, depois que a revolução industrial varreu a Europa, Canadá e os EUA. F. W. Taylor (1856-1915) definiu as técnicas da Administração Científica, o estudo sistemático das relações entre pessoas e tarefas para o propósito de redesenhar o processo de trabalho para aumentar a eficiência produtiva. Naquela época, Henry Ford revolucionou a indústria automobilística com o desenvolvimento da manufatura da produção em massa.

Bem ao lado dos administradores científicos que estudavam o mix de pessoas-tarefas para aumentar eficiência, outros pesquisadores focavam na Gestão Administrativa, o estudo de como criar uma estrutura organizacional que levasse à alta eficiência e eficácia. A estrutura organizacional é o sistema de relações entre tarefa e autoridade que controla como empregados usam recursos para atingir as metas da organização.

Os teóricos da Administração Comportamental escrevendo na primeira metade do século 20 expuseram um tema que focava em como os administradores/gerentes poderiam se comportar pessoalmente de modo a motivar empregados e encorajá-los a desempenhar em altos níveis e se comprometerem a atingir as metas organizacionais. A Teoria da Ciência Administrativa é um enfoque contemporâneo para a gestão que foca no uso de rigorosas técnicas quantitativas para ajudar os administradores/gerentes fazerem o máximo uso dos recursos organizacionais para produzir bens e serviços.

Um importante marco na história do pensamento administrativo ocorreu quando pesquisadores foram além do estudo de como administradores/gerentes poderiam influenciar comportamento no seio das organizações para considerar como eles poderiam controlar as relações da organização com seu ambiente externo, fazendo emergir a Teoria do Ambiente Organizacional.

Um dos enfoques contemporâneos dominantes na administração dos negócios, que privilegia a análise da vantagem competitiva sustentável da firma, é o da Resource Based View - RBV (Visão Baseada nos Recursos), iniciada nos anos 1980 por Wernerfelt (1984), Rumelt (1984) e Barney (1986).

A RBV argumenta que as firmas possuem recursos, um subconjunto dos quais as capacita a atingirem vantagem competitiva, e um subconjunto delas pode levar a um desempenho superior no longo-prazo. Recursos que são valiosos, raros e apropriáveis podem levar à criação de vantagem competitiva. Esta vantagem pode ser sustentada por longos períodos do tempo, de modo que a firma possa se proteger contra imitação dos seus recursos, transferência, ou substituição.

Tendo como origem a RBV, a Competence Based View – CBV (Visão Baseada na Competência) desenvolvida dentre outros por Hamel e Prahalad (1994), Sanchez et. al. (1996), Teece et al. (1997), oferece uma prometedora teoria da vantagem competitiva sustentável e uma estrutura dominante em administração estratégica.

Suas diferenças são sutis. A RBV sugere que uma firma A tem mais sucesso que a firma B se A controla mais efetivamente, e/ou eficientemente, recursos que B. A CBV sugere que a firma A somente pode ter mais sucesso que B se A está numa posição de fazer uso dos recursos disponíveis mais efetivamente, e/ou eficientemente, que B. Ou seja, a distinção está nas questões de disponibilidade e uso de competências.

Apesar desta (breve, e, por conseguinte, parcial) evolução no pensamento da administração dos negócios, fica ainda uma pergunta: mas o que, efetivamente, transforma uma startup em uma empresa escalável? Ou seja, o que é que faz com que um negócio (e não outros) saia praticamente de uma ideia (ou do zero) e se torne algo global, gerando milhares de empregos e impostos? Em outras palavras, até que ponto a administração dos negócios é um imperativo do sucesso?

Eis aí um conjunto de questões que ainda necessitam de respostas mais claras, fundamentalmente no contexto das startups!

Se sua empresa, organização ou instituição deseja saber mais sobre o impacto da administração dos negócios no crescimento das empresas, fique a vontade para nos contatar!

OBS: Esta newsletter se baseia no seguinte artigo:

Arquitetura Empresarial: Um Conceito de Interface entre a Economia e a Administração da Firma”, de José Carlos Cavalcanti, publicado na Revista de Gestão da Tecnologia e Sistemas de Informação Journal of Information Systems and Technology Management.Vol. 6, No. 3, 2009, p.525-550 ISSN online: 1807-1775 DOI: 10.4301/S1807-17752009000300008.

 

Referências:

Barney, J. (1986). Strategic Factor Markets. Management Science, 32, 1231-1241.

Hamel, G., &Prahalad, C. K. (1994).Competing for the Future. Boston/Mass: HBS Press.

Rumelt, R. P. (1984). Towards a Strategic Theory of the Firm. In R. B. Lamb (Ed.).Competitive Strategic Management.

Sanchez, R., & Heene, A. (1996). A System View of the Firm in Competence-based Competition. In R. Sanchez, A. Heene, H. Thomas (Ed.).Dynamics of Competence based Competition. ( pp.39-62). Oxford: Pergamon.

Teece, D. J., Pisano, G.Shuen, A. “Dynamic Capabilities and Strategic Management. In: Strategic Management Journal, 18: 509-533. 1997.

Wernerfelt, Birger. “A Resource-based View of the Firm”. Strategic Management Journal, 5: 171-180. 1984.