Desde junho deste ano o mundo passou a ficar em “estado de choque” com as revelações (ao jornal britânico The Guardian) de Edward Snowden (ex-analista de sistemas da NSA - National Security Agency dos EUA) acerca do programa sigiloso de vigilância norte-americano chamado PRISM. Mais recentemente, o mesmo Snowden revelou detalhes sobre o que seria uma das mais poderosas ferramentas de espionagem da NSA — o X-Keyscore, que estaria sendo usada inclusive no Brasil, a qual permite a analistas da inteligência daquele país supervisionar “quase tudo o que um usuário comum faz na internet”.
O que pretendemos argumentar nesta newsletter é que há, pelo menos, uma razão básica para a emergência destas notícias sobre espionagens, invasões de privacidade, ataques de hackers, e por aí vai (que deverão aflorar com mais recorrência a partir de então). Ou seja, tudo isso se deve ao fato de que hoje nós estamos passando a conviver com uma nova, silenciosa, e eficaz forma de poder: o Cyber Power (Poder Cibernético).
Na opinião desta newsletter estas “ameaças cibernéticas” estão emergindo porque hoje existe o “Poder Cibernético”. E o Poder Cibernético foi recentemente formalmente tratado e reconhecido pelo Prof. Joseph S. Nye Jr, Professor da Kennedy School of Government, da Harvard University, nos EUA.
Prof. Nye, autor de livros famosos, tais como “The Paradox o f American Power: Why the World´s only superpower can´t go it alone” (de 2002, traduzido para português como “O Paradoxo do Poder Americano: por que a única superpotência mundial não pode continuar sozinha”); “Soft Power: the means to success in world politics” (de 2004, traduzido como “Poder Brando: os meios para ter sucesso na política mundial”), “The Future of Power” (de 2011, traduzido como “O Futuro do Poder”), e mais recentemente “Presidential Leadership and the Creation of the American Era” (recém lançado nos EUA), defende, entre diversas coisas, que dois grandes deslocamentos de poder estão ocorrendo neste século: uma transição de poder entre os Estados e uma difusão de poder espalhando-se de todos os Estados para os atores não estatais (tais como empresas e organizações).
Nesta difusão de poder ele dá destaque (junto do Poder Militar, do Poder Econômico, e do Poder Brando) ao Poder Cibernético. Segundo ele, o poder baseado em recursos de informação não é novo, mas o Poder Cibernético é! Ele conceitua o poder cibernético como um conjunto de recursos que se relacionam à criação, ao controle e à comunicação de informações eletrônicas e baseadas em computador – infraestrutura, redes, software, habilidades humanas. Isso inclui não somente a internet dos computadores ligados à rede, mas também intranets, tecnologias de telefonia celular e comunicações via satélite. Definido do ponto de vista comportamental, o poder cibernético é a capacidade para obter resultados preferidos mediante o uso dos recursos de informação eletronicamente conectados do domínio cibernético (estes resultados preferidos podem ser obtidos dentro do espaço cibernético, ou podem ser obtidos em outros domínios fora do espaço cibernético).
Sendo assim, uma ameaça cibernética é uma atividade de “uso de poder cibernético”. E em que medida uma ameaça cibernética pode constituir uma Cyber War (Guerra Cibernética)? Este é um assunto complexo, que poderemos voltar a tratar em outra newsletter. Mas diante mão, esta newsletter antecipa que uma boa referência para esta discussão é o livro “Cyber War: The Next Threat to National Security and What to Do About It” (Guerra Cibernética: A Próxima Ameaça à Segurança Nacional e o que Fazer a Respeito), do Prof. Richard A. Clarke (também Professor da Kennedy School of Government, da Harvard University), em co-autoria com Robert K. Knake, bet-seller publicado em 2010 pela Harper Collins.
Se sua empresa, instituição ou organização deseja saber mais sobre Poder Cibernético, fique a vontade para nos contatar!