Em setembro de 2002, no calor das eleições presidenciais daquele ano, um conjunto de economistas publicou o que ficou conhecido como “A Agenda Perdida”.  Com o subtítulo “Diagnósticos e propostas para a retomada do crescimento com maior justiça social”, este documento representou um marco importante na discussão sobre os problemas no nosso país à época; mas como ficou associado a um dos candidatos à Presidente naquela eleição, o documento rapidamente entrou em esquecimento à medida que o Governo Lula surpreendia a todos a partir de ano de 2003.

Passados 13 anos, cremos que chegou a hora (em função do atual contexto de conjugação de três crises, como muitos asseveram: crise econômica, crise política e crise moral) de ponderarmos sobre uma “Nova Agenda”; não uma agenda de diagnósticos, como foi predominantemente a Agenda Perdida, mas uma Agenda Preditiva (e porque não também Prescritiva), que leve em consideração alguns cenários futuros possíveis para o nosso país.

Até algum tempo esta poderia ser considerada uma tarefa para governos (ou candidatos ao poder).  No entanto, nos dias atuais, onde estamos passando por rápidas e intensas transformações estruturais, num mundo onde a revolução digital está acelerando a inovação, aumentando a produtividade e transformando irreversivelmente o emprego e a economia, como expressado no livro “Race Against the Machine” (A Corrida Contra a Máquina)(*), e expandido no livro “The Second Machine Age: Work, Progress and Prosperity in a Time of Brilliant Technologies”(A Segunda Era da Máquina: Trabalho, Progresso e Prosperidade em Um Tempo de Tecnologias Brilhantes)(**), temos o dever (para não dizer obrigação) de pensar qual deve ser o nosso papel, como indivíduos e como sociedade, neste “Novo Mundo”.

A tarefa de produzir uma Agenda com este espírito não é simples (fundamentalmente no contexto em que estamos submersos).  Em primeiro lugar, não temos registro histórico de que algo semelhante tenha sido tentado.  Em segundo lugar, não temos a certeza de por onde começar, nem com que recursos contar.  Finalmente, não temos a certeza de que esta percepção (de que temos uma “Agenda Ausente” no país) é compartilhada por muitos.  Temos algumas convicções, e uma delas é a de que não podemos ficar parados diante do “catastrofismo” reinante no país!

Uma outra forte convicção, e que está na base da missão desta newsletter e da Creativante, é a de que o setor de Tecnologias de Informação e Comunicação – TICs é um dos setores que são portadores do futuro apontado pelos dois livros acima citados.  Há exatos 30 anos o Prof. Michael Porter apontava para o significado estratégico das TICs: “A tecnologia da informação está mudando o modo como as empresas operam. Ela está afetando o processo inteiro pelo qual as empresas criam seus produtos. Além do mais, ela está reformatando o próprio produto: o pacote inteiro de bens físicos, serviços, e informações que as empresas ofertam para criar valor para seus compradores (***). 

Além disto, as TICs são consideradas na literatura econômica internacional como General Purpose Technologies- GPTs (Tecnologias de Propósito Geral), ou seja, um termo reservado para aquelas mudanças que transformam tanto a vida cotidiana quanto a forma que as empresas conduzem seus negócios. O engenho a vapor, a eletricidade, a combustão interna, e as TICs são classificadas como GPTs por esta razão. Elas afetam a economia como um todo (****).

Sendo assim, perguntamos: como está o nosso setor de TICs? Podemos fazer coisas interessantes para o mundo como Google, Amazon, Facebook e Apple, dentre tantas outras, estão fazendo? Temos chances neste setor? Se consideramos que este setor é um que pode nos remeter a uma Agenda Preditiva e Prescritiva, quais são nossas habilidades, competências e condições para termos uma inserção mais proativa no cenário internacional?

Aqui em Pernambuco nós temos um vibrante Ecossistema de TICs que já está antenado com esta perspectiva. Resta saber se o resto do país está disposto a contribuir para esta Agenda Ausente!

Se sua empresa, organização ou instituição está sentido a necessidade de uma “Agenda de Futuro”, não hesite em nos contatar!

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(*) Brynjolfsson, Erik and Andrew McAffe (2011). Race Against the Machine.  Digital Frontier Press. Kindle edition

(**) Brynjolfsson, Erik and Andrew McAfee (2014).  The Second Machine Age. W. W. Norton & Company. Kindle edition

(***) Porter, Michael and Victor E. Miller (1985). How Information Gives You Competitive Advantage. Harvard Business Review, July issue.

(****) Jovanovic, Boyan and Peter L. Rousseau (2005). General Purpose Technologies. In, Handbook of Economic Growth,.  Chapter 18. Volume 1B. Edited by Philippe Aghion and Steven N. Durlauf.  Elsevier B.V. e Bresnahan, T.F., Trajtenberg, M. (1996). “General purpose technologies: ‘engines of growth’?”. Journal of  Econometrics, Annals of Econometrics 65, 83–108.