A newsletter da semana passada alertou para o fato de que nas startups (norte-americanas) que se tornaram bilionárias, quem levou maior vantagem não foram seus fundadores, mas sim os seus investidores. Hoje nós vamos tratar brevemente sobre a natureza dos mega acordos bilionários que vêm sendo feitos no mercado de TICs.
Em que outra indústria, senão a de TICs, uma startup de cinco anos, com receitas de US$ 10 milhões, com menos de 100 empregados, poderia ser comprada por US$ 22 bilhões? Esta foi a quantia que Facebook pagou em fevereiro de 2014 pelo WhatsApp, um serviço de mensagens que permite a troca gratuita de mensagens de texto.
Em um artigo publicado na edição 70, de 2015, da revista Strategy&, da PwC, intitulado Let´s Megadeal (Vamos Fazer um Mega-acordo), Rob Fisher, Gregg Nahass, e J. Neely apresentam um estudo sobre a natureza pouco usual dos acordos do setor de tecnologia, particularmente acordos envolvendo transações como esta do Facebook acima citada, bem como a aquisição do Skype pela Microsoft, em 2011, por US$ 8,5 bilhões.
Estes autores se perguntaram: como podem os líderes de empresas consideraram a potencial criação de valor inerente a estes acordos? E como eles conseguem gerenciar a integração para assegurar sucesso e evitar a destruição de valor? Para tanto, eles estudaram o universo dos mega acordos tecnológicos, examinando 131 acordos de no mínimo US$ 1 bilhão em tamanho feitos ao longo dos últimos cinco anos, com um valor coletivo de US$ 388 bilhões. Segundo eles, os acordos recaíram em quatro categorias discretas:
- Consolidação: Estes acordos envolvem competidores, participantes de cadeias de valor, ou empresas com produtos fortemente adjacentes e consumidores que se superpõem. A motivação nestas transações é focada menos em crescimento e mais em liberação de tremendo valor ao cortar custos e melhorar eficiências. Estes acordos tendem a ser de alto sucesso porque as empresas conhecem umas as outras bem e a sinergia potencial é significativa e óbvia;
- Extensão de Capacidades: Os acordos que caem nesta categoria – as maiores das quatro por valor – tipicamente envolvem duas grandes e maduras empresas. Em geral, o comprador está buscando novos produtos, novos talentos, ou novos consumidores em um grande, e tangencial mercado onde ainda possui as capacidades para competir;
- Transformação direcionada por tecnologia: O movimento agressivo do Facebook de comprar o WhatsApp tipifica esta categoria. Apesar destas transações constituírem somente 18% dos mega acordos tecnológicos, elas tendem a atrair significativas as manchetes. E por que? Porque elas envolvem uma nova tecnologia que está direcionando o comportamento do consumidor em formas que podem rapidamente ameaçar modelos de negócios estabelecidos, e transformar mercados existentes, ou que representem potencial para convergência de mercados existentes;
- Tornar-se privado: A quarta categoria de acordos tecnológicos consiste de transações em que empresas de private equity tornam em empresas privadas aquelas que estavam no domínio público com ações em bolsa. No estudo mencionado, estes acordos representaram 23,5% do total dos mega acordos tecnológicos, e incluíram a única maior transação: o acordo de 2013 em que a trouxe a Dell para ser privada novamente (acordo de US$ 24,3 bilhões). Estes acordos acontecem por uma variedade de razões. Mas pelo fato de que o estudo só se interessou em analisar considerações estratégicas dos adquirentes avaliando mega acordos, esta categoria não foi analisada pelos autores.
Os autores observaram sete desafios críticos para os mega acordos, e desenvolveram estratégias para lidar com eles: 1- Responsabilização (na empresa adquirente) da contabilidade do acordo; 2- Confiança na gestão adquirida; 3- Valoração das sinergias em custos e receitas; 4- Adaptação dos registros das empresas; 5- Produção de intensa análise; 6- Comunicação efetiva; 7- Gerir a transação como um processo de negócio.
Resumindo, os desafios associados com mega acordos tecnológicos são significativos e variam com o tipo de acordo. Mas a mensagem dos autores é que os mega acordos são valiosos na medida em que os adquirentes conheçam os desafios e os enfrentem adequadamente!
Se sua empresa, organização ou instituição deseja saber mais sobre os mega acordos tecnológicos, não hesite em nos contatar!