No final dos anos 1980s houve um intenso debate (oriundo dos EUA) sobre o então chamado “paradoxo da produtividade” – quando massivos investimentos em TICs não estavam apresentando melhorias mensuráveis nas estatísticas de produtividade. Em 1987 o economista Robert Solow, Prêmio Nobel de Economia no mesmo ano afirmou: “Eu vejo a era dos computadores em todos os lugares, exceto nas estatísticas de produtividade”.
Este paradoxo pareceu ter sido resolvido nos anos 1990s, quando os EUA experimentaram uma renascença espetacular em produtividade. Mas a celebração pareceu ser prematura. Apesar de outra revolução tecnológica, a produtividade voltou aos patamares anteriores aos anos 1980s. Desta feita, a desaceleração tem um escopo global afetando as duas maiores economias, EUA e China, acima de todas.
A desaceleração do crescimento econômico brasileiro no pós-crise recente está fazendo emergir com força o debate sobre a produtividade. Sem pretendermos tratar sobre o tema da produtividade no Brasil nesta newsletter (tema que requer atenção diferenciada, já que a produtividade no país tem tido um desempenho muito fraco nas últimas décadas), gostaríamos de tratar de uma questão associada a esta variável, já que a produtividade é um tema central para o desenvolvimento porque é o fator que determina o crescimento do PIB no longo prazo.
Em dos artigos (o segundo) de uma série de artigos sobre a “Revolução das Startups”, Max Marmer, co-fundador da organização chamada Compass (antes denominada Startup Genome), baseada no Vale do Silício/EUA, aponta para um fenômeno intrigante. Segundo ele, desde 1965 a produtividade do trabalho nos EUA mais que dobrou. Os economistas definem os insumos para este cálculo como o número de horas trabalhadas e os produtos como o crescimento econômico. Em algumas indústrias, tais como TICs, a produtividade do trabalho cresceu mais de 800%. Logo, sendo a produtividade um indicador de performance chave para o crescimento, era de se esperar que as empresas estivessem crescendo mais rápido do que antes!
Mas o que Marmer também observou é que durante este mesmo período as empresas experimentaram um declínio de 75% no Return on Assets (ROA) (Retorno dos Ativos), e um declínio de quase 80% na duração do tempo uma empresa S&P 500 poderia permanecer naquela lista das 500 maiores dos EUA. Daí a questão: melhor produtividade implica piores resultados? O que estaria por trás destes divergentes indicadores?
Marmer recorreu ao Shift Index, produzido por John Hagem, John Seely Brown e Lang Davidson, do Deloitte Center for the Edge, para buscar a evidência deste declínio de longo prazo das empresas nos EUA. Depois de reproduzir os dados dos autores acima mencionados, Marmer passou a indagar sobre as razões deste fenômeno de aumento em produtividade e declínio em performance financeira (um visível paradoxo). E a primeira resposta que ele dá é a pressão. Segundo ele, durante a Era Industrial as empresas eram, de alguma forma, insuladas por baixos níveis de competição, obscuridade de informação e consumo crescente. Mas a Era da Informação tornou estas barreiras mais obsoletas do que as paredes dos castelos depois da introdução da pólvora.
E para justificar sua resposta, Marmer aponta para três novos fronts que as empresas devem enfrentar daqui para frente: a) Razão 1: Maior competição; b) Razão 2: Transparência de Informação; c) Razão 3: Declínio no Consumo. Logo, Marmer se pergunta: como as chamadas blue chips podem responder ao crescente desafio? Segundo ele há geralmente dois alavancadores de lucratividade – aumentar as receitas ou diminuir os custos. Mas no seu terceiro artigo (The Rise of the Startup) (A Emergência da Startup) ele explora uma terceira opção, e uma que está dando margem à explosão de novas empresas de tecnologia de alto crescimento: Inovação!
Será que no Brasil nós podemos constatar este paradoxo da produtividade e do desempenho financeiro empresarial? Eis aí uma boa questão em tempos que estamos precisando aumentar enormemente nossa produtividade!
Se sua empresa, organização ou instituição quer saber mais sobre o paradoxo da produtividade e do desempenho financeiro empresarial, não hesite em nos contatar!