Na semana que passou o editor desta newsletter atuou como palestrante convidado para o 6° Simpósio de Gestão & TI do Governo do Estado de Pernambuco.  Neste evento tivemos a oportunidade de argumentar algo que pode ser, de alguma forma, sintetizado pelo título desta newsletter. Ou seja, se os órgãos públicos desejam expandir (ou melhorar) suas atividades na atual conjuntura de fortes restrições econômicas, sociais e políticas, um conceito passou a adquirir enorme importância estratégica: a conquista da confiança dos cidadãos numa quadra de transformações profundas e aceleradas da humanidade!

Para defender este argumento, iniciamos com uma breve tentativa de resumir, sob o prisma da TI, as transformações recentes neste setor.  Para tanto nos utilizamos de um gráfico produzido em 2013 pela empresa americana IDC, reproduzido na Figura 1 à frente.  Nela a IDC defende que nós estamos experimentando a emergência de uma “Terceira Plataforma para Inovação nos Negócios”, onde ganham destaque questões como mobility, cloud, big data, analitics, e social business.  Em 2015 a mesma IDC passa a defender o escalonamento da “Transformação Digital” a partir de “aceleradores de inovação”, tais como next generation security, augmented & virtual reality, internet of things, cognitive systems, robotics, e 3D printing (Figura 2).

Tais transformações, continuamos, têm sido possibilitadas por mudanças em paradigmas de inovação (passamos a migrar do paradigma de inovação fechada – Figura 3 para o paradigma de inovação aberta), e pela emergência de novos modelos de negócios.  Os casos mais representativos destas mudanças em negócios são ilustrados, por exemplo, pelas seguintes afirmações: a maior companhia de táxis do mundo não possui sequer um táxi (Uber); O maior provedor de acomodações não possui um único imóvel (Airbnb); As maiores companhias de telefone não possuem qualquer infraestrutura de telefonia (Skype e Wechat); O mais valioso varejista não possui qualquer estoque (Alibaba); O mais popular dono de mídia não produz qualquer conteúdo (Facebook).

Apesar destas profundas e aceleradas transformações, perguntamo-nos: quais têm sido as transformações nos governos?  Procuramos em buscas na Internet e não encontramos coisas que poderiam ser consideradas surpreendentes.  Constatamos alguns documentos produzidos pelo World Economic Forum, e por empresas de consultoria de grande porte, como a PwC, e a Deloitte, mas observamos que eram documentos feitos há algum tempo, e que não mereceram destaque.

A surpresa que pudemos constatar, afirmamos, veio de uma empresa de capital de risco dos Estados Unidos, a Union Square Ventures, e de um sócio desta empresa, o Nick Grossman.  Este profissional é o pioneiro da defesa do conceito de “Regulation 2.0” (Regulação 2.0).  Segundo ele, as regulações do presente – que tiveram a intenção de assegurar confiança, segurança e seguridade em um mundo inseguro – foram desenhadas para a era industrial, onde as mudanças aconteciam lentamente e a informação era muito cara.  Este modelo, que ele refere como “Regulation 1.0”, tinha um enfoque de partida que ele chamou de “upfront permission”, que se baseia na ideia de que nós precisamos ter “licença ou permissão” como pré-requisito para agirmos.

Ocorre que, para Grossman, depois de 100 anos, a conectividade baseada na Internet tanto baixou radicalmente os custos de acessar a informação, quanto redesenhou nossos modelos para estabelecer confiança ao longo e entre amplas redes de pessoas no mundo. Logo, o modelo de “Regulação 1.0”, que se vale de uso restritivo para atingir objetivos de políticas, e que é caro para garantir enforcement/accountability (aplicação e prestação de contas), é muito difícil de administrar.  Já o modelo de Regulação 2.0, que relaxa o acesso ao mercado, e usa grandes volumes de dados em tempo real, torna os atores mais “transparent and accountable” (ou seja, mais transparentes e responsáveis pelos seus atos). Outro profissional que invocamos nesta linha de argumentação foi a americana Rachel Botsman, que defende que está havendo uma mudança profunda na humanidade no conceito de confiança, conceito este que este redator teve a oportunidade de comentar em artigo recente.

Em resumo, como defendemos naquele evento, se as recentes transformações estão alterando a forma como conduzimos negócios, e como estabelecemos estes negócios a partir de novo conceito de confiança, nada mais óbvio em concluir que os governos (e seus órgãos) precisam trabalhar mais profundamente suas políticas e práticas para absorver este novo conceito de confiança. Caso contrário, estarão perdendo o “bonde da história”!

Se sua empresa, organização ou instituição deseja saber mais sobre esta mudança no conceito de confiança, não hesite em nos contatar!

 

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