Esta newsletter faz parte de uma série da Creativante que se indaga sobre as razões estratégicas pelas quais uma empresa de TIC adquire outra (ver a de 19/06/2016, que trata da compra da LinkedIn pela Microsoft ; 25/03/2018, sobre a compra da MuleSoft pela Salesforce; e 10/06/2018, sobre a compra do GitHub pela Microsoft). 

Há poucos dias a IBM comprou a Red Hat, empresa pioneira em software livre por US$ 34 bilhões, na maior aquisição da história de 107 anos da companhia veterana de TI dos EUA. No comunicado à imprensa a Red Hat anunciou que as empresas iriam expandir a já existente colaboração, tendo como alvo o setor de cloud híbrida através de tecnologia e serviços de integração. Ao estender tal colaboração, as empresas estão juntando duas plataformas líderes de aplicações empresariais (a plataforma de containers Red Hat OpenShift e a IBM Cloud Private), e adicionando poder às soluções de software e de cloud da IBM.

A principal razão por trás dessa compra está relacionada com a disputa pelo promissor mercado de cloud, como já registramos aqui nas newsletters de 19/06/2016, 18/09/2016, 25/09/2016, e dizem também respeito às aquisições das empresas acima relatadas. Em se tratando da IBM, a questão era mais dramática, uma vez que a empresa vinha sofrendo quedas nas vendas de sua tecnologia tradicional, ao mesmo tempo em que buscava novas áreas de crescimento, como as de inteligência artificial (IA) e segurança.

A IBM finalmente reconheceu que não iria obter os resultados de crescimento em vendas com as tecnologias emergentes, e que necessitava de algo que se traduzisse mais diretamente em vendas. A Red Hat era o engenho de vendas que ela estava precisando. De acordo com a Synergy Research, a IBM detinha 7% do mercado de infraestrutura de cloud, que compreende infrastructure as a service e platform as a service, e hosted private cloud, como pode ser visto na Figura 1 à frente.

Mas por que a Red Hat e não outra empresa? A resposta a esta questão está relacionada ao novo mercado de Cloud Native Applications – CNA, ou seja, de aplicações que já nascem na cloud, ou têm como origem o complexo ambiente de negócios da cloud. CNA é um termo usado para descrever ambientes baseados em containers, empregados como microsserviços e gerenciados em infraestruturas elásticas através de processos de DevOps e de Continuous Delivery - CD workflows. Aplicações CNA focam em modularidades de arquiteturas, com acoplamento frouxo, e independência dos seus serviços. Cada microsserviço implementa uma capacidade de negócio, roda em seus próprios processos, e se comunica via APIs – application programming interfaces ou por mensagens.

A Red Hat vem se mostrando como uma empresa líder neste mercado de CNA, com sua plataforma OpenShift, uma ferramenta de gerenciamento para infraestrutura virtual privada de cloud. A OpenShift é uma container application platform que traz a tecnologia Docker (que fornece containers – um container é uma unidade padrão de software que empacota código e todas suas dependências, de modo que a aplicação rode rápida e confiavelmente de um ambiente computacional para outro) e Kubernetes (sistema open-source para automação, emprego, escalagem, e gestão de aplicações containerizadas) para as empresas.

Neste sentido, ao trazer para seu contexto de soluções toda a expertise da Red Hat em CNA, a IBM aspira uma robusta inserção no competitivo mercado de cloud a partir da complementaridade dessas novas ferramentas àquelas que ela já vinha ofertando ao mercado. A questão agora é perceber como os demais players do mercado de cloud irão reagir a este passo da “Big Blue”!

Se sua empresa, organização ou instituição deseja saber mais sobre os fundamentos das aquisições de grandes empresas de TICs, não hesite em nos contatar!

 

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