A revista Harvard Business Review - HBR de Novembro-Dezembro deste ano vem com uma capa que faz referência ao título de um artigo do guru de administração, e Professor da London Business School, Gary Hamel e de sua colega Michele Zanini, que é exatamente o título desta newsletter. De acordo com o padrão editorial da revista, a ideia do artigo, em resumo, é a seguinte:
- O Problema: Grandes companhias acabam criando grandes burocracias, as quais subtraem suas criatividades, seus desejos de arriscar, e suas produtividades. Apesar de muitos executivos expressarem o desejo de eliminá-la, a burocracia está prosperando;
- Por que o Problema Acontece: Com suas claras linhas de autoridade, unidades especializadas, e tarefas padronizadas, a burocracia promove eficiência em escala. É também familiar, variando pouco ao longo das indústrias e culturas. Alguns acreditam que é o resultado natural de lidar com um ambiente de negócios complexo.;
- A Solução: Uma nova forma de organização está desafiando o modelo burocrático. Exemplificado pelo fabricante de eletrodomésticos chinês Haier, ele (o modelo chinês) torna os empregados em empreendedores energéticos diretamente accountable (responsabilizados) pelos consumidores, e os organiza em um ecossistema aberto de usuários, inventores e parceiros.
O editor desta newsletter reconhece que este é o primeiro artigo (ao seu conhecimento, em décadas), de uma consagrada revista de Administração dos EUA, que faz um registro de que uma inovação (em Administração) não está advindo de uma corporação norte-americana, mas sim de uma companhia chinesa.
Os autores apontam que apesar de todos os problemas da existência da burocracia, ela não é inevitável. Desde que o termo foi cunhado, há aproximadamente dois séculos, muito mudou. Os empregados de hoje são habilitados, e não iliterados; a vantagem competitiva vem da inovação, não do tamanho; a comunicação é instantânea, não tortuosa; e o passo da mudança é hipersônico, não glacial.
Essas novas realidades finalmente estão produzindo alternativas à burocracia. Talvez o modelo mais prometedor pode ser encontrado em uma companhia que não seria, à primeira vista, uma criança da era digital. Haier, baseada em Qingdao, China, é no presente o maior produtor de eletrodomésticos do mundo. Com receitas de US$ 35 bilhões, ela compete com nomes tradicionais como Whirpoool, LG, e Eletrolux. No presente, Haier tem algo como 75.000 empregados globalmente. Fora da China tem 27.000 empregados, muitos dos quais se juntaram à companhia quando ela comprou o negócio de eletrodomésticos da GE, em 2016.
Segundo os autores, o sucesso da Haier é o resultado de uma total mudança do seu tradicional modelo de administração. Seu CEO, Zhang Ruimin, por uma década liderou um esforço para construir uma companhia onde todo mundo é diretamente accountable pelos consumidores (uma política que ele descreve como “distância zero”), os empregados são empreendedores energéticos, e um ecossistema de usuários, inventores e parceiros substitui a hierarquia formal.
O termo usado pela Haier para isso é rendanheyi, uma junção dos caracteres chineses que significam um acoplamento rígido do valor criado pelos clientes com o valor recebido pelos empregados. O modelo rendanheyi se afasta das normas burocráticas em sete caminhos críticos, que os autores aprofundam no artigo:
- Dos Negócios Monolíticos para as Microempresas;
- Das Metas Incrementais para os Alvos Líderes;
- Dos Monopólios Internos para a Contratação Interna;
- Da Coordenação Top-Down para a Colaboração Voluntária;
- Das Rígidas Fronteiras para a Inovação Aberta;
- Da Fobia à Inovação para o Empreendedorismo em Escala;
- Dos Empregados para os Proprietários.
Eis aí um artigo imperdível, tanto pelo timing em que surge, quanto pelo conteúdo inovador, e, como já assinalamos, pelo reconhecimento de algo, em Administração, que não emerge da cultura de negócios dos EUA!
Se sua empresa, organização e instituição deseja saber mais novos modelos que superam a burocracia, fique a vontade para nos contatar!