Na área de empreendedorismo frequentemente nos deparamos com um novo conceito que, ao longo do termo, ganha legitimidade e escala. Um desses conceitos é aquele de Minimum Viable Product – MVP (Produto Mínimo Viável - PMV).
O MVP é um conceito originado no movimento Lean Startup – Startup Enxuta (ver newsletter de 05-08-2012) que estressa o impacto do aprendizado no desenvolvimento de um novo produto. Eric Ries, um dos criadores do movimento, definiu MVP como aquela versão de um novo produto que permite que um time/equipe possa coletar uma quantidade máxima de aprendizado validado sobre os consumidores com o menor esforço. Esse aprendizado validado vem na forma de se seus consumidores irão comprar, ou não, seu produto.
A premissa por trás da ideia do MVP é que você produz um produto real (que pode ser algo não mais do que uma página na web, ou um serviço com uma aparência de automação, mas que é totalmente manual por trás das cenas) que você pode oferecer aos consumidores e observar seus comportamentos diante do produto ou serviço.
Um conceito mais geral do que o de MVP, e que vem conquistando adeptos, é o de Minimum Viable Ecosystem – MVE (Ecossistema Mínimo Viável). Este conceito surgiu em dois domínios de iniciativas tecnológicas: Blockchain e, de forma mais geral, Distributed Ledger Technologies- DLTs, bem como em soluções de Internet of Things – IoT.
No âmbito das DLTs, observou-se que essas tecnologias são baseadas em redes e ecossistemas que são transacionais por natureza. Para essas redes serem viáveis, elas requerem vários stakeholders, um modelo de negócio (ou um portfólio de modelos de negócios – ver newsletter de 17-05-2020), regras e governança a um mínimo, daí o termo MVE. Enquanto empresas nos seus estágios iniciais, que estão criando produtos/serviços como uma oferta, necessitam de um MVP, empresas que estão criando uma solução baseada em blockchain ou em DLT necessitam focar numa comunidade para a qual estão servindo. Ou seja, necessitam de um ecossistema mínimo.
Segundo Gary Schwartz, um dos protagonistas do termo, o “tipping point” de um MVE é quando os múltiplos stakeholders estão aptos a trocar ativos consistentemente, e não somente testar transações em uma plataforma. Há regras fundamentais estabelecidas e uma estrutura de governança sob as quais stakeholders irão operar. Essencialmente eles terão que provar que o ecossistema é operacional. O próximo nível é começar a escalar operacionalmente, com stakeholders adicionais, aumento de volumes e fortalecimento da plataforma.
Em se tratando de soluções IoT, percebeu-se que a forma de criar valor hoje, em um ambiente complexo, mudou muito. Gaye Soykok, um dos protagonistas do conceito de MVE em IoT, defende que à medida que essa complexidade aumenta, nós precisamos usar o nosso “chapéu de arquitetos” para criar novas coisas nessa paisagem complexa; ou seja, novos módulos de valor, como parceiros, capacidades, etc., e como essas coisas se encaixam juntas (o contexto de arquitetura invocado aqui é o de arquitetura empresarial – para um vídeo recente sobre arquitetura empresarial, ver: https://www.youtube.com/watch?v=9TVc32M_gIY).
Eis aí um termo que pode vingar! Ao lado dessa discussão é possível agregar uma outra. O recente interesse sobre “ecossistemas” em pesquisa e práticas estratégicas tem focado principalmente em o que os ecossistemas são, e em como eles operam. No entanto, alguns autores têm complementado essa literatura ao considerar quando e porque os ecossistemas emergem, e o que os tornam distintos de outras formas de governança.
Mas este é um tema para outra oportunidade!
Se sua empresa, organização ou instituição deseja saber mais sobre Minimum Viable Ecosystems – MVEs, não hesite em nos contatar!