Na newsletter de 16-05-2021 apontamos que, como país, estamos ficando para trás na corrida do desenvolvimento, e que não poderíamos mais insistir em políticas que se apoiam única e exclusivamente no conceito de competitividade. Por essa razão, passamos a defender para o Brasil uma estratégia de integração à economia internacional que se apoia em três pilares centrais, ou 3C´s: Cooperação, Competição e Confronto.

Vimos na newsletter de 23-05-2021 que um dos vetores para uma intensificação do pilar da Cooperação internacional do Brasil seria o uso das competências e habilidades do nosso setor de Tecnologias de Informação e Comunicação – TICs, mas não o único. Como um dos maiores reservas biológicas do planeta, temos muito a Cooperar nas atividades voltadas para a questão da Mudança Climática, particularmente no desenvolvimento de tecnologias de baixa emissão de carbono, e em outras tecnologias emergentes que estão na intersecção da economia e da segurança nacional, tais como inteligência artificial, computação quântica, e espaço.

Adicionalmente, a pandemia da COVID 19, e suas variantes, têm-nos demonstrado a enorme fragilidade das nações em seu enfrentamento, e que de nada adiantam os esforços individuais se as barreiras imunológicas e não-imunológicas não forem estabelecidas para todos os povos indiscriminadamente. E neste sentido, a Cooperação entre as nações se torna cada vez mais um imperativo da sobrevivência humana.

Estas duas questões básicas (a Mudança Climática e a Saúde Pública Global) nos impõem novos desafios competitivos como Nação; ou seja, são questões que nos pressionam pela definição de novas estratégias de Competição. Se tivéssemos que elaborar um “Planejamento Estratégico” de forma tradicional para o país, e se tivéssemos pouco tempo para tal tarefa, recorreríamos inicialmente a dois “paradigmas” da Estratégia: um que estabelece que a “estrutura do mercado ou indústria conforma a estratégia” (polarizado pelo Prof. Michael Porter), e o outro que define que a “estratégia conforma a estrutura do mercado ou indústria” (protagonizado pelos Profs. W. Chan Kim e Renée Mauborgne, conhecidos pelo conceito da “Estratégia do Oceano Azul”). No primeiro paradigma faríamos uso de ferramentas como a do Diagrama de Cinco Forças e a das Três Estratégias Genéricas, e no segundo utilizaríamos o conceito de Inovação em Valor e da ferramenta da Curva de Valor.

No entanto, se pudéssemos ser inovadores neste exercício, diríamos que é possível conjugar os dois paradigmas da seguinte forma. De um lado, tentando caracterizar um “posicionamento estratégico”, deveríamos assumir (de forma inovadora) que já estamos diante de uma economia “digitalmente transformada” (ver newsletter de 10/05/2020), e que qualquer esforço de incremento da atividade econômica deveria partir do reforço dos alicerces dessa nova economia digital, ou seja, seus insumos, infraestrutura, serviços e aplicações (ver Figura 3 da newsletter de 10/05/2020). De outro lado, procurando oferecer uma “proposta de valor única” (ou uma inovação em valor) para o país, buscaríamos demonstrar que nossa grande vantagem competitiva global nas décadas vindouras está na nossa “Green Industry” (Indústria Verde), tal como defendemos em documento para a ABDI- Associação Brasileira para o Desenvolvimento Industrial publicado em 2018.

Finalmente, em termos do conceito de Confronto, o último da estratégia dos 3C´s, argumentamos que hoje nós enfrentamos sérios desafios em termos de defesa e segurança, particularmente nas seguranças cibernética, alimentar e biológica (ver newsletters de 13/05/2012, de 01/07/2012, e 04/08/2013). Sendo assim, se for necessário exercer nossas capacidades de defesa e segurança, temos que estar preparados para desafios que podem exigir posicionamentos de intransigência.

Em resumo, tendo apresentado a dimensão externa (ou internacional) nas três últimas newsletters, a partir da próxima newsletter vamos nos dedicar à segunda dimensão da nossa Estratégia de Duas Trações, que é a dimensão doméstica, ou nacional!

Se sua empresa, organização ou instituição deseja saber mais sobre nossa Estratégia de Duas Trações, não hesite em nos contatar!