Como argumentamos na semana passada, o fenômeno silencioso do crescimento do ecossistema dos dados e da infraestrutura dos ativos digitais está evoluindo de uma maneira assustadora! Confirmamos isso com a leitura de recente relatório desenvolvido pela The Block Research, onde observamos que à medida que esse ecossistema se desenvolve, a especialização emerge, o que pode ser constatado a partir de uma “Hierarquia de Necessidades de Dados & Infraestrutura dos Ativos Digitais”, tal como mostrado na newsletter passada.
Mas como esse relatório caracterizou tal ecossistema? Segundo o relatório, as verticais dessa nova “indústria” são quatro: i) Provedores de infraestrutura: empresas blockchain-as-a-service possibilitando desenvolvedores e negócios a construírem aplicações baseadas em blockchain; ii) Provedores de staking (empilhamento): empresas blockchain-as-a-service com soluções que permitem detentores de tokens cripto obterem rendimentos a partir de seus ativos digitais; iii) Provedores de métricas on-chain: insights e analíticas ao longo de várias redes de blockchain; iv) Provedores de dados de mercado: ofertas de preços e dados relacionados a trade (comércio) ao longo de vários locais de trade e mercados financeiros. A Figura 1 a seguir mapeia as empresas pesquisadas no relatório.
Cada uma destas verticais foi discutida separadamente. Na vertical de infraestrutura, de forma similar à infraestrutura de petróleo e gás, a qual é feita de tubos, perfuratrizes, refinadoras, processadoras, distribuidoras, etc., os componentes que geram, transmitem, armazenam, limpam e disponibilizam dados de blockchain são o backbone da indústria dos ativos digitais. Os nós, hardware de computação, aplicações de software, arquiteturas de cloud e APIs estão entre os elementos necessários para criar produtos e serviços relacionados com blockchain.
A vertical de staking pode ser vista como uma extensão da infraesturtura de blockchain, e já é um big business. De acordo com o Staked´s The State of Staking Q2 Report, a capitalização total do mercado neste segmento alcançou US$ 450 bilhões em abril de 2021, a partir de US$ 179 bilhões em janeiro deste ano. Sua infraestrutura requer os mesmos components centrais da vertical anterior. Os nós, software especializado, armazenamento na nuvem, hardware, etc., são todos componentes necessários para redes de Proof of Stake (POS)(*). Provedores de Staking-as-a-Service (SaaS) constroem a infraestutura, mantêm os nós e ofertam aos desenvolvedores ferramentas que fazem os POS e blockchains mais amplamente acessíveis aos desenvolvedores e usuários.
Na vertical de provedores de métricas on-chain estes provedores ofertam serviços que convertem dados brutos e desorganizados de blockchain em informação amigável e digerível. A maioria das empresas usa estratégias algorítmicas para agregar e sintetizar dados em métricas tais como contagens de transações, fluxos de trocas, e valoracrodado.
Finalmente, na vertical de provedores de dados de mercado, empresas de dados de mercado (marcadamente os EUA) são parte integral do ecossistema de ativos digitais. Ao contrário dos mercados de equity (ações e outros), onde os dados de trading provêm da NASDAQ e do NYSE, e a maioria dos derivativos vem de algumas poucas empresas do mercado financeiro [Chicago Mercantile Exchange (CME) Group, Intercontinental Exchange (ICE) ou Chicago Board Options Exchange (CBOE)], dados de mercado disponíveis no ecossistema de ativos digitais são fragmentados ao longo de várias exchanges (casas de câmbio) e mais recentemente de protocolos DeFi (Decentralized Finance).
Há muito mais coisas a revelar sobre essas quatro verticais do ecossistema dos dados e da infraestrutura dos ativos digitais, mas quando se mergulha nas especificidades de cada uma dessas verticais, percebe-se que a complexidade aumenta à medida que o ecossistema evolui.
Só para dar um exemplo, basta que se observe os diferentes tipos de dados de mercado. De forma semelhante aos dados tradicionais de mercado, os dados de mercado dos ativos digitais podem ser segmentados em três categorias: i) dados agregados; ii) dados de trade (comércio); e iii) order book data (dados de livros de ordens). Estes dados de segmentos são listados em ordem de detalhe (granularidade), com os menos detalhados sendo os dados agregados e os mais detalhados sendo os order book data. Como regra geral, quanto mais granular forem os dados, mais qualidade e melhor para as testar estratégias de trading, como ilustrado na Figura 2 a seguir.
Se sua empresa, organização ou instituição deseja saber mais sobre o ecossistema + a plataforma + a arquitetura (nossa denominada “Trindade Essencial”) dos ativos digitais, não hesite em nos contatar!
(*) Com a Proof of Stake (POS) os mineradores de criptomoedas podem minerar ou validar transações de blocos baseadas na quantidade de moedas um minerador detém. A POS foi criada como uma alternativa à Proof of Work (POW), ou Prova de Trabalho, a qual era o algoritmo de consenso original na tecnologia blockchain, usado para confirmar as transações e adicionar novos blocos à rede.