Em março do corrente ano um episódio peculiar chamou a atenção de quase todo o planeta. Um artista digital norte-americano, de nome Mike Winkelmann (também conhecido como Beeple), teve uma NFT- Non-Fungible Token de uma de suas obras digitais (intitulada “Everydays: The First 5000 Days”, replicada na figura ao lado) vendida (na famosa casa de leilões Christie) por US$ 69 milhões (isso mesmo: sessenta milhões de dólares, ou seja, quase R$ 377 milhões, no câmbio atual)(*).
A partir de então o termo NFTs foi popularizado mundialmente. NFTs, ou non-fungible tokens (tokens não-fungíveis), são arquivos únicos que vivem em uma rede digital de tecnologia blockchain, e são capazes de verificar a propriedade de um trabalho de arte digital. Compradores têm direitos limitados de mostrar o trabalho de arte digital que eles representam, mas, de muitas maneiras, eles só estão comprando tanto “direitos de se gabar”, quanto um ativo que eles possam revender posteriormente.
Alguns poucos fatores explicam por que o trabalho do Beeple se tornou tão valioso. Ele desenvolveu uma grande base de fãs, com cerca de 2,5 milhões de seguidores em diversos canais sociais. E, segundo o site https://www.theverge.com/, como ele é prolífico, como parte de um projeto chamado “Everydays” (todos os dias, em inglês), Winkelmann cria e publica uma nova obra de arte digital todos os dias. O projeto está agora no seu décimo quarto ano.
Ao mesmo tempo, as NFTs explodiram como um novo ecossistema digital. Qual é a ideia central por trás do sucesso das NFTs? Ao lado do crescimento dos artefatos da era digital (como os jogos digitais), através das redes de blockchain objetos digitais, que podem ser reproduzidos de forma infinita, podem ser tornados escassos. Por exemplo, um vídeo no YouTube pode ser downloaded para um arquivo seu, e pode ser copiado quantas vezes você desejar.
Na teoria ele é infinitamente reproduzível. Tokenizar é um processo em que você pode se valer, através de uma rede blockchain, para poder criar um “registro de escassez”. Ou seja, coisas que são infinitamente disponíveis e replicáveis podem ser transformadas, numa rede blockchain, em escassez artificial. E mesmo se você se apressar em querer copiar esse arquivo para fazer tentar “uma grana”, somente o detentor desse NFT, através de sua “digital wallet” (carteira digital) tem a propriedade do arquivo digital. Mais à frente você pode revender a NFT em troca de cryptocurrencies (criptomoedas), como bitcoin e outras.
Como esse novo ecossistema digital está evoluindo, não faltam dados para apontar o seu crescimento. O site https://nonfungible.com/ aponta que ao longo do tempo três tipos de usuários compõem esse ecossistema: a) ActiveWallets - Carteiras Ativas (a Global NFT Community: Quanto mais carteiras, hipoteticamente, mais usuários); b) Vendedores (Quanto mais vendedores, mais usuários; por outro lado, se há mais vendedores do que compradores, isso indica que as pessoas estão depreciando seus ativos); c) Compradores (Quanto mais compradores, mais usuários; por outro lado, se há mais compradores do que vendedores, hipoteticamente haverá mais pessoas desejando entrar no ecossistema do que aqueles que desejam vender seus ativos).
A Figura 1 a seguir aponta para os números semanais de vendedores, compradores e carteiras ativas ao longo do tempo com os números do primeiro para o segundo trimestre de 2021. Já a Figura 2 mostra duas métricas importantes:
a) Dólares de vendas – valor que foi transferido através de uma transação entre um comprador e um vendedor. Esse volume inclui vendas primárias, de um projeto ou artista para o comprador e vendas no mercado secundário, entre players e coletores;
b) Dólares de dApp (denominação para um aplicativo descentralizado) – este volume inclui todas as interações com Smart Contracts (Contratos Inteligentes) incluindo financeiro. Isso pode corresponder à melhoria de um ativo, sua modificação, reprodução, a criação de grupos de ativos, e por aí vai. O volume encontrado aqui é maior que o volume de vendas, e é mais representativo da atividade dentro dos projetos.
Há muito mais coisas a aprender nesse novo ecossistema digital, particularmente suas interações com as indústrias das Artes e dos Jogos Digitais. Por enquanto, isso é só uma pequena amostra do que alguns estão denominando de Metaverse (Metaverso), terminologia utilizada para indicar um tipo de mundo virtual que tenta replicar a realidade através de dispositivos digitais. É um espaço coletivo e virtual compartilhado, constituído pela soma de “realidade virtual”, “realidade aumentada, e “Internet”. O termo ganhou destaque recentemente porque Mark Zuckerberg manifestou que o Facebook deverá ser no futuro uma “metaverse company”.
Se sua empresa, organização ou instituição deseja saber mais sobre NFTs, não hesite em nos contatar!
(*) Acesse aqui, num super zoom, para ver a NFT de forma ampliada, e para ter uma ideia melhor do valor da obra de Mike Winkelmann.