Em muitas situações de negócios, sejam eles particulares ou de natureza pública, vemo-nos em posições de tomar decisões importantes para as empresas, organizações ou instituições. No entanto, quase nunca nos perguntamos se estamos tomando decisões de acordo com uma “política” ou de acordo com uma “estratégia”. Mas o que é uma política e o que é uma estratégia?
Estratégia é reconhecida como um plano de ação abrangente formulado ou desenhado de forma a atingir uma meta particular. Por outro lado, uma Política é um conjunto de diretrizes que ajudam as pessoas a tomarem as decisões apropriadas ou a agirem em uma situação específica.
Nas práticas de negócios, Política e Estratégia desempenham um papel vital. Geralmente, elas são pensadas como sendo similares em muitas maneiras. No entanto, há diferenças mesmo nas definições chaves. Estratégia é como um roteiro que é preparado para assegurar que uma organização atinja suas metas e objetivos. Por outro lado, uma Política é como uma planta, ou plano, formulados para as atividades rotineiras.
E por que estamos evocando tais diferenças? Há hoje, em certos segmentos da academia e em algumas organizações governamentais, um certo desejo pela volta ou renascimento das Políticas Industriais. Depois de um período de declínio no interesse e previsões de morte, a política industrial parece estar de volta à cena.
Uma variedade de tendências tem contribuído para a renovação no interesse (*). No mundo em desenvolvimento, tem havido um movimento contra o enfoque baseado no mercado. Mesmo quando as taxas de crescimento são altas, economias da África e da América Latina têm experimentado taxas insatisfatórias de transformação produtiva e déficits na geração de empregos de qualidade na indústria e nos serviços modernos. E isso tem criado uma demanda por políticas de governo proativas além da simples liberação dos mercados (os episódios da crise financeira dos anos 2007/2008 e a recente pandemia da COVID 19 contribuem nesta direção).
Por outro lado, em países desenvolvidos, como os da Comunidade Europeia, o termo “Estratégia Industrial” tem ganho momentum. Diante de novos contextos econômicos e sociais, organizações como a Comissão Europeia estão abraçando um novo enfoque. Segundo a organização, a Europa está embarcando em uma transição em direção ao que se denomina por “climate neutrality” (neutralidade climática) e à liderança digital. Sendo assim, a Estratégia Industrial Europeia objetiva assegurar que a indústria europeia possa liderar a forma como entrar nesta nova era (**).
E para demonstrar como este novo enfoque é mais “responsivo” às mudanças de contexto, basta observar como a estratégia industrial europeia emergiu. Em 10 de março de 2020, a Comissão Europeia apresentou os alicerces de uma estratégia industrial que daria suporte à transição “gêmea” para uma economia verde e digital, tornando a indústria da União Europeia mais competitiva globalmente, e reforçando sua autonomia aberta estratégica. No dia seguinte à apresentação da nova estratégia industrial, a Organização Mundial da Saúde - OMS anunciou a COVID 19 como uma pandemia.
Neste 2021 a CE anunciou uma atualização da “Estratégia Industrial 2020” informando que tal atualização não substituiria a estratégia nem complementaria os processos lançados por ela. Ou seja, simplesmente seria uma atualização focando em mais necessidades do que seria feito, e em que lições necessitariam ser aprendidas.
Mas o que uma Estratégia Industrial tem efetivamente de diferente de uma Política Industrial? Este é o tema da próxima newsletter.
Se sua empresa, organização ou instituição deseja saber sobre as diferenças entre Política e Estratégia, não hesite em nos contatar!
(*) Aiginger, Karl and Dani Rodrik (2020). Rebirth of Industrial Policy and an Agenda for the Twenty-First Century. Journal of Industry, Competition and Trade. 20:189-207. Springer.