Na newsletter da semana que passou iniciamos uma discussão sobre as diferenças entre Política Industrial e Estratégia Industrial. Tal discussão se faz necessário porque enquanto alguns segmentos da academia (e de profissionais envolvidos com o processo de “policy making” em governos) advogam um “retorno” à adoção de políticas industriais, alguns países avançados estão optando pelo desenho e implantação de estratégias, e, dentre essas, de estratégias industriais. Logo, como decidir?
Para começar, uma política (ou uma estratégia) definida para uma empresa, organização ou instituição não é a mesma coisa daquela para um país. Empresas têm missões, visões, valores, modelos de negócios, gestão, objetivos e metas a cumprir. Países têm existência em uma territorialidade geograficamente delimitada por uma coletividade com história própria. Através do Estado, de suas sociedades, de suas instituições, de seus regimes políticos, sua cultura e valores, os países manifestam seus papeis no mundo, seus interesses e aspirações, e, finalmente, seus planos, programas e projetos.
No início do século 20 o Brasil (como nação) fez uma opção pelo desenvolvimento econômico e social através da industrialização da sua economia e sociedade. Este caminho (ou “modelo de desenvolvimento”) foi protagonizado pelo Estado através de uma política nacional via substituição de importações (produzir dentro do território aquilo que antes importava). A partir dos anos 1980s esse modelo começou a se exaurir com a crise fiscal (crise das finanças públicas) do Estado; e hoje, no início da terceira década do século 21, a participação da indústria no Produto Interno Bruto - PIB do país é praticamente a mesma de quando começou a se industrializar. Ou seja, o país avançou no seu processo de industrialização, mas nas últimas quatro décadas se desindustrializou!
Os sinais da desindustrialização já estavam visíveis no início do século 21; no entanto, apesar daqueles sinais, diversas políticas industriais foram desenhadas e tentadas, mas se mostraram um verdadeiro fracasso: Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior- PITCE, Plano de Desenvolvimento Produtivo- PDP, Plano Brasil Maior – PBM, Brasil Mais Produtivo, e por aí vai. Onde erramos?
Na opinião da Creativante o país se fechou ao mundo acreditando que “olhar para seu mercado doméstico” era uma condição necessária e suficiente para desenvolver. Enquanto várias nações emergentes procuraram se integrar à economia internacional (China e alguns países asiáticos como exemplo), o Brasil mantinha uma economia fechada, com um modelo de desenvolvimento ultrapassado, e que levou a sua indústria à perda de importância relativa.
E quais foram os determinantes desse “fechamento”? Faltou um Diagnóstico correto das transformações em curso no mundo, e, de modo particular, um efetivo reconhecimento do fracasso do nosso modelo! Faltou uma Visão de Longo Prazo que apontasse para uma substantiva mudança de rumo!
Em resumo, faltou uma Estratégia de País. Faltou uma Estratégia Nacional que levasse em consideração a nova Agenda de questões mundiais, que contempla o desenvolvimento de novas formas e instrumentos de organização da produção econômica, das novas cadeias de valor global, do papel das tecnologias e inovações no crescimento econômico, da mudança climática, da diversidade identitária, e das novas formas de governança em um planeta em constantes transformações. No entanto, faltou-nos algo maior e definitivo: a Coragem para mudar!
Se sua empresa, organização ou instituição deseja saber mais sobre política ou estratégia industrial, não hesite em nos contatar!