Microestrutura de Mercado é o estudo dos mercados financeiros e como eles operam. A pesquisa nesta área foca primariamente na estrutura dos lugares de trocas e negociações (displayed/exibidas ou dark/na escuridão), no price discovery process (processo de descoberta de preço), nos determinantes dos spreads e cotas, no intraday trading behavior (comportamento da negociação intra diária), e nos custos de transação (Kissel, 2014).

Esta área das Finanças continua a ser um dos campos que crescem mais rápido na pesquisa financeira devido ao rápido desenvolvimento das negociações algorítmicas e eletrônicas. Como um resultado da alta velocidade de evolução dos mercados financeiros nas duas últimas décadas, o número de lugares de negociações e de trocas tem crescido em forma de cogumelo, com muito mais no horizonte, e os processos de negociações têm evoluído exponencialmente em complexidade e sofisticação.

Funções tradicionais de negociação e participantes têm sido superados por computadores e agentes de negociação eletrônicos. A intervenção humana no processo de negociação tem expandido do matching (pareamento) tradicional e do roteamento das ordens para um requerendo análises complexas e tomada de decisão em tempo real. O analista de microestrutura de mercado é agora encarregado com a tarefa de entender todas as questões circundando marketplaces em constantes mudanças.

De acordo com Kissel (2014), a maioria da pesquisa acadêmica até o momento tem focado em técnicas de valoração para descobrir o preço de mercado justo de um instrumento, projeções de retorno esperado, e técnicas de modelagem de risco. Os analistas devem empregar um enfoque bottom-up (de baixo para cima) para determinar o preço justo de uma companhia ao examinar o seu balanço patrimonial, fundamentos, dados de vendas, crescimento ano-a-ano, e projeções de receitas. Os analistas podem também utilizar um enfoque top-down (de cima para baixo) para determinar quais fatores, setores, ou outros subgrupos irão provavelmente under or overperform (sub ou sobre desempenhar) no futuro. Adicionalmente, os analistas devem utilizar um processo quantitativo, tais como o Capital Asset Pricing Model – CAPM (Modelo de Precificação/Apreçamento de Ativo de Capital) ou Arbitrage Pricing Theory – APT (Teoria de Arbitragem de Precificação/Apreçamento) para desempenhar alocação de ativo e determinar misturas de portfólio ótimo.

Um dos principais papeis dos mercados financeiros é prover investidores com uma descoberta de preço justa e transparente, e liquidez instantânea. Ao contrário do que a teoria econômica durante tempos sugeriu, os mercados financeiros não são sem fricções. De fato, é esta ineficiência que frequentemente leva a implementações custosas. Como tal, analistas de microestrutura de mercado são encarregados de entender não somente o processo de descoberta de preço e a liquidez de mercado, mas também como os preços irão mudar com a chegada de nova informação e ordens de consumidores competidores. Historicamente, companhias podiam tanto listar numa bolsa tradicional (listada), tais como a New York Stock Exchange (NYSE) quanto numa negociação over-the counter market – OTC (mercado balcão), tal como a National Association of Securities Dealers Automatic Quotation market (NASDAQ).

Dois interessantes livros podem dar ao leitor uma ideia de como surgiu na literatura o aprofundamento do conhecimento das inovações recentes sobre a microestrutura de mercado como uma importante área das Finanças. O primeiro seria o “Market Microstructure: Confronitng Many Viewpoints”, editado por Frédéric Abergel, Jean-Philippe Bouchaud, Thierry Foucault, Charles-Albert Lehalle, e Mathieu Rosenbaunm em 2012. Neste livro podemos encontrar registros importantes sobre como a NYSE começou a ser automatizada (no início dos anos 1970s), e como o julgamento do especialista poderia ser substituído por aquele de um computador, até o crescimento da importância dos High Frequency Traders (HFTs), trazendo várias questões sobre os efeitos do “algorithimic trading” (negociação algoritmizada) nos mercados financeiros.

O segundo livro seria o “Market Microstructure in Practice”, editado por Charles-Albert Lehalle e Sophie Laruelle em 2014. Neste livro os autores dissecam a questão da liquidez (com o risco de liquidez e o impacto de mercado), a microestrutura de um ponto de vista regulatório, o recente apetite da regulação e dos policy makers por mercados eletrônicos, a consolidação global, as mudanças na microestrutura, a definição de best execution (melhor execução), a redefinição de papeis (um agente agora é tanto tomador de liquidez quanto provedor de liquidez, simultaneamente), e o impacto na liquidez.

Em resumo, temos aí uma próspera área de interesse e de investigação que tem muito ainda a crescer, particularmente com a chegada das questões trazidas pelo ecossistema CeFi (Centralized Finance, estimulado pelo mundo cripto) e pelo ecossistema PlatFi (Platform Finance, proporcionado pela entrada das big plataformas digitais no sistema financeiro).

Se sua empresa, organização ou instituição deseja saber mais sobre market microstructure, não hesite em nos contatar!