Chegamos, finalmente, à última parte desta série. Nas últimas três semanas apresentamos três tipos de modelos de negócios horizontais (essenciais para o escalonamento/crescimento de ecossistemas de negócios a partir das novas tecnologias digitais), tais como preconizado pelo consultor indiano Sangeet Paul Choudary, a saber o dos Agregadores, o dos Integradores, e o dos Provedores de Infraestrutura. Nesta newsletter iremos tratar de um tipo adicional, o dos Provedores de Capacidades.

Os provedores de capacidades focam no desempenho de funções específicas, que podem ser licenciadas a atores terceiros do ecossistema, e podem estar embutidos em agregadores, integradores, e ou infraestruturas. Por exemplo, um agregador de serviços financeiros pode alavancar uma capacidade de gestão de identidade externa, enquanto uma infraestrutura de cuidados de saúde pode alavancar uma capacidade de diagnóstico de cuidados de saúde baseada em Inteligência Artificial- IA.

Capacidades são construídas em torno de uma necessidade central de consumidor. O consumidor pode ser um consumidor final de uma cadeia de valor, ou qualquer consumidor intermediário que consome o serviço para entregar valor mais além na cadeia de valor.

Capacidades se beneficiam de especialização. Ao focar em um conjunto estreito de funções, empresas que escalam capacidades competem através de especialização superam a competição de outras empresas que desempenham múltiplas funções.

Capacidades podem ser oferecidas em um capability as-a-service model (modelo de capacidade com um serviço), como APIs ou módulos de tecnologias licenciáveis, para desenvolvedores de produto, ou podem ser oferecidas como um serviço diretamente ao usuário final, como um produto ou serviço conectado.

Os provedores de capacidades desempenham três funções chave:

  • Provisionamento de capacidade: Provedores de capacidades necessitam desenvolver vantagem de propriedade intelectual ou de dados para entregarem uma capacidade não comoditizada em escala. Por exemplo, Stripe oferece capacidades de pagamentos a agregadores terceiros (e.g. Lyft) e infraestruturas (e.g. Shopify);
  • Arquitetura para facilitar embutimento: Capacidades, as quais estão distribuídas através de parceiros terceiros, necessitam ser arquitetadas para facilitar embedding (embutimento). Desenvolver facilidade de uso é crítico para a adoção de capacidades ao logno do ecossistema. Os recursos de desenvolvimento e suporte da Stripe têm desempenhado um grande papel na sua ampla adoção;
  • Gerenciar dados e discernimento do uso de capacidades: Provedores de capacidades também utilizam dados capturados ao longo do ecossistema para melhorar o funcionamento das capacidades ou para oferecer analítica e discernimentos como uma proposição de valor adicional.

De forma esquemática, Choudary nos mostra (ver Figura 1 à frente) como os provedores de capacidades escalam e dominam através de dois fatores chave: os Learning Effects (Efeitos de Aprendizado) e os Network Effects (Efeitos de Rede). Observando, de um lado, a esfera à esquerda da Figura 1, inicialmente os serviços podem se beneficiar de learning effects onde mais dados que eles capturam levam a melhores experiências de serviços. A habilidade de capturar, possuir, e analisar dados de consumidores pode ajudar em beneficiar-se dos learning effects onde a captura de mais dados leva à melhora dos modelos de predição, levando a mais atratividade do serviço e maior adoção, a qual, por seu turno, leva a mais captura de dados.

Pela esfera à direita da Figura 1, em seguida algumas capacidades podem também se beneficiar de efeitos de dados em rede, onde quanto mais plataformas e sistemas estejam embutidos, mais dados diversos eles capturam e se beneficiam de modelos de predição superiores que são construídos através dessa diversidade de dados.

Finalmente, como nos aponta Choudary, todos esses modelos de negócios horizontais têm o potencial de servir como plataformas de múltiplos lados. No entanto, as empresas frequentemente cometem erros ao olharem os agregadores como inspiração, quando eles deveriam na realidade ser integradores ou infraestruturas. De qualquer forma, salienta Choudary, o que é relevante deste arcabouço que ele apresenta é sua facilidade de identificar onde, na cadeia de valor, você pode atuar, ou estabelecer estratégias, de acordo com o modelo de negócio horizontal apropriado!

Se sua empresa, organização ou instituição, deseja saber mais sobre escalagem de ecossistemas de negócios, não hesite em nos contatar!

Figura 1 – Como os provedores de capacidades escalam e se beneficiam

Inforáfico mostrando como os provedores de capacidades escalam e se beneficiam

Fonte: https://platforms.substack.com/p/ecosystem-business-models-a-teardown