A forma como a empresa se
organiza para produzir, entre os diversos países, pode ser considerada
semelhante, ou existem diferenças substantivas no modo como elas se
organizam?
O Prof. Daron Acemoglu, do MIT/EUA, lembra-nos que existem duas bem
estabelecidas teorias que oferecem previsões sobre como diferenças em
características institucionais específicas dos países podem afetar a
organização interna da empresa em geral, e a integração vertical
(comentada na Letterícia anterior) em particular. Primeiramente, pela
Teoria da Economia dos Custos de Transação - TECT a organização
interna de uma empresa é planejada para melhorar os incentivos e limitar
os custos de agência (ou agenciamento). A integração vertical é talvez a
mais conhecida aplicação desta teoria.
A integração vertical encoraja investimentos específicos e reduz o que
chamamos de holdup problems (termo usado em Economia para
descrever uma situação onde duas partes, tais como um fornecedor e um
fabricante, possam trabalhar mais eficientemente se colaborarem, mas
refreiam em fazer devido a receios que isso possa dar a uma parte um maior
poder de barganha, e, portanto, possa reduzir seus próprios), quando
os mercados são imperfeitos.
De acordo com a TECT, a integração vertical deveria, portanto, ser mais
prevalente quando for difícil escrever contratos de longo-prazo entre
empresas upstream e empresas downstream. Esta previsão não é inteiramente
sem ambigüidade. O mais sofisticado enfoque para a integração vertical,
desenvolvido pelos avanços da Teoria dos Direitos de Propriedade-TDP,
enfatiza que a integração vertical irá também criar “custos de
transação” uma vez que empregados de uma empresa, da mesma forma que
seus fornecedores, necessitam obter incentivos para investir, e o fato
deles não terem os direitos de propriedade dos ativos tangíveis pode
enfraquecer seus incentivos.
Um segundo corpo de trabalhos teóricos enfatiza a importância dos
contratos e outras relações entre empresas e intermediários financeiros.
Por esta visão, imperfeições no mercado de crédito afetam a organização da
empresa. O monitoramento e a sanção de contratos são custosos, e deste
modo os empresários precisam apresentar garantias para obter
financiamento, e podem ficar na dependência de financiamento bancário.
Quando os mercados de crédito têm grandes imperfeições, e quando a
ausência de desenvolvimento financeiro limita o contingente de potenciais
empresários, pode haver menos entrada nos mercados, e, muito
provavelmente, um número maior de grandes empresas em um país.
Como as maiores empresas são mais prováveis de produzir alguns de seus
próprios insumos, ou vendem alguns de seus próprios produtos, a visão
financeira sugere que melhores instituições financeiras e mercados de
crédito possam estar associados com menos integração vertical. Todavia, o
efeito do desenvolvimento financeiro na integração vertical não é também
sem ambigüidade.
Ao investigar os determinantes de integração vertical através de um banco
de dados de 750.000 empresas em 93 países, o Prof. Acemoglu chegou às
seguintes conclusões: a) a integração vertical é significativamente maior
em países com maiores custos contratuais e maior desenvolvimento
financeiro; b) existe um efeito diferencial de custos contratuais entre
indústrias; países com maiores custos contratuais são significativamente
mais integrados verticalmente em indústrias que são mais intensivas em
capital.
Os resultados do Prof. Acemoglu reforçam o argumento de que as fronteiras
da empresa são fortemente definidas por determinantes que lhe são
externos, tais como a natureza das instituições (e a forma como
estabelecem seus contratos) e o desenvolvimento do sistema financeiro do
seu país (ver figura abaixo).
Se sua empresa, organização ou instituição ainda não definiu sua nova
estratégia de produção, fique a vontade para nos contatar!
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