23/07/2007                                                                                                                                                                                                        Ano I - Edição 17

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Na Letterícia anterior comentamos, de forma bastante breve, os modelos estocásticos que sugerem que o crescimento das empresas é um processo puramente aleatório.  Hoje, também de maneira sucinta, vamos tratar dos modelos não-estocásticos.  Como a literatura sobre a estrutura dos mercados é vasta, vamos nos ater a duas correntes líderes da literatura, em que se mostrou possível incorporar tanto uma robusta análise teórica  quanto densos testes empíricos.

 

A primeira destas correntes se relaciona com os estudos cruzados de indústrias cujo papel pioneiro se deveu a Joe Bain, e que está no coração do paradigma Estrutura-Conduta-Desempenho.  A segunda se associa à Distribuição do Tamanho das Empresas, primeiramente estudada por Robert Gibrat, como vimos na Letterícia passada.

 

O paradigma Estrutura-Conduta-Desempenho, que começou com Joe Bain, com seu livro “Barriers to New Competition” (Barreiras à Nova Competição), de 1956, apóia-se em duas idéias.  A primeira envolve uma corrente de única-mão de causação que vai da estrutura (concentração das empresas no mercado) para a conduta (comportamento das empresas em termos de precificação) até o desempenho (lucratividade das empresas).  Grosso modo, alta concentração facilita colusão (conluio) e isto leva à altos lucros.  Para explicar porque estes altos lucros não foram erodidos pela entrada (de outras empresas neste mercado), a segunda idéia entra em ação: argumenta-se que altos graus de concentração podem ser identificados pela presença de certas “barreiras à entrada”.

 

Tanto a primeira quanto a segunda correntes têm sido contempladas com amplos testes empíricos, e ambas têm recebido várias contribuições a partir dos estudos teóricos de interação estratégica proporcionados pelos modelos baseados na Teoria dos Jogos.  Esta teoria, freqüentemente descrita como um dos ramos da Matemática Aplicada e da Economia, estuda situações onde múltiplos jogadores tomam decisões numa tentativa de maximizar seus retornos.  Sua característica essencial é que ela oferece um enfoque de modelagem para situações sociais em que os tomadores de decisão interagem com outros agentes.  Este campo de estudos passou a existir a partir de 1944, com o livro a “Teoria dos Jogos e o Comportamento Econômico”, de John Von Neumann e Oskar Morgenstern.

 

A partir dos anos 80 do século passado, novos resultados empíricos, oriundos de pesquisas conduzidas com novos dados de empresas, revelaram um novo conjunto de novos “fatos estilizados” ou “regularidades estatísticas”.  A evidência empírica acumulada sobre a evolução das empresas e das indústrias sugeriu que as pequenas empresas parecem crescer mais rápido do que as grandes empresas, e que o crescimento das empresas jovens superou aquele das mais velhas. 

 

A maioria dos estudos das empresas se concentrou nos efeitos do tamanho e da idade no crescimento.  A razão para este estreito foco está relacionada com pelo menos duas coisas.  A primeira é que para testar a Lei de Gibrat (Lei do Efeito Proporcional-LEP, vista na Letterícia passada) era necessário levar em consideração o tamanho das empresas.  Em segundo lugar, a ausência de dados de boa qualidade, que incluíam informação de várias características das empresas, dos empreendedores e dos trabalhadores, forçou a que os pesquisadores focalizassem seus estudos em variáveis como tamanho e idade, disponíveis em várias bases de dados.

 

Estes novos estudos deram margem ao surgimento dos Modelos de Otimização do crescimento das empresas.  Destes modelos, quatro podem ser classificados: a) os modelos de aprendizado passivo; b) os modelos de aprendizado ativo; c) os modelos de capital humano específicos de empresas e indústrias; e, d) os modelos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), de inovações e de capital de conhecimento (que envolve habilidades, técnicas e know-how que são empregados nos processos de inovação).

 

Nos modelos de aprendizado passivo a empresa escolherá entrar em um mercado com um tamanho menor do que aquele considerado ótimo.  Isto se deve à incerteza sobre sua eficiência relativa, a qual, em última instância, determina sua fé no mercado.  Logo, as empresas jovens e pequenas tendem a crescer mais rápido.  Estes modelos enfatizam a questão da “seleção” como a força motora da evolução da empresa e da indústria.  Mesmo que a “sobrevivência do mais forte” não seja “A História” completa por trás da evolução das empresas, ela captura a idéia da incerteza do lado da oferta do mercado.

 

Nos modelos de aprendizado ativo, as empresas ou os empreendedores exploram ativamente o ambiente econômico e tentam aumentar suas oportunidades de lucro através do investimento em pesquisa e processos “de exploração”.  Nestes modelos enfatiza-se a pressão competitiva que força as empresas a lutar para manter lucros e sobrevivência. 

 

Nos modelos de capital humano específico de empresas e indústrias, o crescimento da empresa é dependente do seu tamanho, e esta dependência está relacionada com o acúmulo de capital humano específico da indústria na presença de choques específicos da indústria.

 

Dentre os modelos de P&D, inovações e capital de conhecimento, é possível encontrar aqueles que apresentam um modelo de níveis de qualidade do crescimento da empresa onde o investimento em P&D e inovações estocásticas são os engenhos do crescimento.  Neste tipo de modelo, as empresas na indústria competem com produtos diferenciados, e cada empresa faz uma melhoria de qualidade dos seus produtos através de um processo estocástico de P&D de modo a prevenir que outras empresas tomem sua linha de produtos.

 

Na próxima Letterícia vamos tratar dos modelos que estudam o papel do financiamento no crescimento das empresas.

Se sua empresa, organização ou instituição ainda não definiu sua estratégia de crescimento, fique a vontade para nos contatar.


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