30/07/2007                                                                                                                                                                                                        Ano I - Edição 18

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Nas últimas Letterícias estivemos tratando dos modelos estocásticos e não-estocásticos de crescimento das empresas.  Hoje vamos comentar brevemente o papel das finanças no crescimento das empresas.  Afinal, as finanças geram crescimento econômico?

 

Os economistas discordam fortemente sobre o papel do setor financeiro no crescimento econômico.  Como apontando pelo Prof. Ross Levine, da Universidade de Minnesota, EUA, o tema das finanças não é sequer discutido numa coletânea de ensaios pelos pioneiros da Economia do Desenvolvimento, incluindo prêmios Nobel de Economia.  Até mesmo o renomado Prof. Robert Lucas, prêmio Nobel de 1995, rejeita as finanças como um determinante super-salientado do crescimento econômico.  Nesta perspectiva, as finanças não causam crescimento; as finanças respondem às demandas variantes no setor real da economia.

 

No outro extremo, o também laureado com Nobel de Economia, Prof. Merton Miller, argumenta que “a idéia de que os mercados financeiros contribuem para o crescimento econômico é uma proposição muito óbvia para discussão séria”.

 

Num recente e reconhecido levantamento, o Prof. Ross Levine analisou o papel das finanças no crescimento econômico.  Neste trabalho ele analisou, inicialmente, a pesquisa teórica sobre as conexões entre o setor financeiro e o crescimento econômico.  Segundo ele, os modelos teóricos mostram que instrumentos financeiros, os mercados, e instituições emergem para mitigar os efeitos de custos de informação e de transação.  Ao emergir para atenuar as fricções do mercado, os arranjos financeiros mudam os incentivos e as restrições que os agentes econômicos enfrentam.  Logo, os sistemas financeiros podem influenciar as taxas de poupança, as decisões de investimento, as inovações tecnológicas, e daí as taxas de crescimento de longo-prazo das empresas e da economia como um todo.

 

Em seguida, o Prof. Levine reviu e criticou a crescente literatura empírica sobre finanças e crescimento, concentrando esforços nos deficiências das metodologias dos estudos existentes e nas suas medidas de desenvolvimento financeiro.  Finalmente, ele apontou as áreas que necessitam de pesquisa adicional para uma melhor compreensão dos elos entre finanças e crescimento.

 

Mas a história da análise do papel das finanças e do crescimento econômico ganhou outra dimensão com a recente publicação de um verdadeiro tratado sobre o tema.  Trata-se do livro “The Theory Corporate Finance” (A Teoria das Finanças Corporativas, num abrasileiramento do título), do Prof. Jean Tirole (do Institut d`Economie Industrielle- IDEI, da França, e do Massachusetts Institute of Technology –MIT, dos EUA), publicado em 2006 pela Princeton University Press.   O Prof. Tirole, um dos grandes nomes da literatura econômica mundial, é autor de livros que já se tornaram clássicos, como “A Theory of Incentives in Procurement and Regulation” (de 1993), e “The Theory of Industrial Organization”, de 1988.

 

Em um verdadeiro tratado sobre a temática ao longo de 644 páginas (elaboradas em 10 anos de estudos), o Prof. Tirole faz um quase exaustivo levantamento do estado da arte da literatura teórica e empírica sobre o que vem regendo, nos últimos tempos, a discussão sobre o papel das finanças empresariais.  O livro está subdividido em sete partes e 16 capítulos que tratam de temas diversos, tais como governança corporativa, os determinantes da capacidade de tomar empréstimos, liquidez e gerenciamento de risco, fusões e aquisições, racionamento de crédito, e instituições e políticas públicas.  Dada a riqueza de detalhes do livro, possivelmente retornaremos a ele para uma melhor compreensão de sua contribuição. Se em algum momento alguém teve dúvidas sobre o papel que as finanças podem ter sobre o crescimento econômico, eis aqui um trabalho que contribui dissipá-las.

 

Se sua empresa, organização ou instituição ainda não definiu sua estratégia de crescimento, fique a vontade para nos contatar.


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