13/08/2007 Ano I - Edição 20
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O campo das finanças corporativas se desenvolveu tremendamente nas duas últimas décadas. Um conjunto substantivo e importante de trabalhos empíricos nas literaturas acadêmica e profissional oferece hoje uma fotografia mais clara dos padrões das finanças e da governança das corporações, e sobre os seus impactos no comportamento das empresas e na atividade macroeconômica.
Vimos na Letterícia passada a contribuição do Teorema Modigliani-Miller, de 1958, e por razões de espaço, omitiremos as questões de natureza mais teórica, como aquelas associadas aos modelos de equilíbrio geral de Arrow-Debreu (de mercados sem atritos, perfeitamente competitivos, sem serem afetados por custos de transação, ou assimetrias de informação).
Mas foi na década de 70 que surgiram trabalhos significativos neste campo, de modo particular aqueles de M. Jensen e W. R. Meckling, de 1976 (“A Teoria da firma, comportamento gerencial, custos de agência e estrutura de propriedade”. Journal of Financial Economics, 3; 305-360); S. Myers, de 1977 (“Os determinantes da tomada de empréstimos corporativa”. Journal of Financial Economics, 5; 147-175); e S. Ross, de 1977 (“A determinação da estrutura financeira: o enfoque da sinalização dos incentivos”. Bell Journal of Economics, 8; 23-40).
Seguindo a direção proposta por estes trabalhos, a principal direção de investigação desde a década de 80 tem sido a introdução dos problemas de agência (ou agenciamento, que são, em essência, derivados da existência de assimetrias de informação nas relações econômicas) em vários níveis da estrutura corporativa (equipe gerencial, demandas de stakeholders, etc).
E foi este conjunto de contribuições que levou o Prof. Jean Tirole a propor, em seu mais recente livro, “The Theory of Corporate Finance” (Princeton University Press, 2006), a produzir um verdadeiro tratado no assunto. Segundo ele, a literatura na microeconomia das finanças corporativas pode hoje ser dividida em várias áreas. A primeira focaliza inteiramente nos incentivos aos firm´s insiders (aos “íntimos” da empresa). Os outsiders (os “de fora” da empresa, como ele chama os investidores e emprestadores) estão numa relação principal-agente com os insiders (que ele chama de tomadores de empréstimos, empreendedores, gerentes).
Assimetrias de informação abundam nestas relações. Os insiders têm informação privada sobre a tecnologia ou ambiente (que os economistas denominam de “seleção adversa”) ou sobre a renda da empresa (conhecimento reservado); alternativamente, os outsiders não podem observar os insiders cuidadosamente ao selecionar projetos, ao avaliar os riscos de investimentos, ou o esforço que eles possam exercer para tornar a empresa mais lucrativa (que os economistas chamam de “risco moral”). Uma segunda área das finanças corporativas enfrenta ambos os incentivos para insiders e outsiders, tomando uma visão menos passiva do papel dos outsiders. Mesmo que eles estejam desconectados do dia-a-dia do gerenciamento, os outsiders podem ocasionalmente afetar o curso dos eventos escolhido pelos insiders.
Uma terceira área da moderna finança corportativa leva em consideração a existência de clientelas de investidores. Ela enfatiza o fato de que investidores individuais, bem como corporações, associam um prêmio à possibilidade de serem capazes de obterem retorno decente nos seus portfólios de ativos se eles enfrentam a necessidade de liquidá-los.
Cada uma destas áreas conforma um elenco enorme de questões que definem a complexidade do tema das finanças e da governança corporativa nos dias atuais.
Se sua empresa, organização ou instituição ainda não definiu sua estratégia de financiamento, fique a vontade para nos contatar.
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