Na Lettericia de 28/05 (que
tratou de esforço no desenvolvimento de software) afirmamos que apesar de
todo o mérito do importante, e inovador, trabalho da dissertação de
Mestrado no CIn da UFPE, do Engenheiro de Software Antônio Valença (da
Pitang), não podíamos deixar de tecer um breve comentário econômico sobre
aquela dissertação. Afirmávamos que, de modo semelhante ao que ainda
ocorre em algumas áreas da Economia, a Engenharia de Software tem
concentrado esforços no tratamento da empresa (de software,
especificamente) na sua dimensão produtiva/técnica, como se esta
dimensão (que envolve os insumos, os processos de produção/tecnologias, e
finalmente, os produtos) contivesse os únicos determinantes do
comportamento e do desempenho da empresa. E que seria interessante ver em
novos estudos da Engenharia de Software a análise da dimensão
contratual (ou institucional, como preferem alguns economistas) da
empresa, onde são tratadas variáveis importantes, tais como direitos de
propriedade, especificidade de ativos, controle da gestão, verticalização
versus horizontalização de processos, formas de financiamento, e custos de
transação, marcadamente de contratos.
E por que considerar esta dimensão? Simplesmente porque as Instituições (e
seus contratos) existem e elas são as regras do jogo, e de um jogo de
trocas, como o mercado, em que os jogadores são as organizações, tais como
as empresas e os consumidores. As instituições podem ser restrições
formais (leis), restrições informais (culturais) ou ainda
adimplemento (dispositivos de aplicação) de contratos e de direitos de
propriedade. A função delas é reduzir a incerteza por meio do
estabelecimento de uma estrutura estável, mas não necessariamente
eficiente, para a interação humana. A questão fundamental para a relação
entre instituições e o desempenho econômico é a cooperação e
coordenação entre os agentes econômicos.
Consciente disso, surgiu com muito vigor na Ciência Econômica nos anos 80
e 90 uma nova abordagem (a Nova Economia Institucional),
principalmente a partir dos trabalhos do Prof. Douglass North, prêmio
Nobel de Economia de 1993. Em seu hoje clássico livro “Institutions,
Institucional Change and Economic Performance”, ele introduz os
principais conceitos da Teoria Institucional:
“Instituições são as regras do jogo em uma sociedade ou, mais
formalmente, artifícios projetados pelos homens que dão forma à interação
humana. Em conseqüência, elas estruturam os incentivos que atuam nas
trocas humanas, sejam elas políticas, sociais ou econômicas. As mudanças
institucionais dão forma à maneira pela qual as sociedades evoluem através
do tempo e, assim, constituem-se na chave para a compreensão da mudança
histórica.”
A figura abaixo permite observar a Teoria Institucional do Prof. North em
perspectiva. Ela representa uma combinação entre (i) uma Teoria de
Custos de Transação (e aqui não podemos deixar de apontar as valiosas
contribuições do Prof. Oliver Williamson ao que se denomina hoje de
Transaction Cost Economies-TCE), segundo a qual os agentes procuram
minimizar os custos envolvidos nas transações, como os custos de
mensuração de valores, e (ii) uma Teoria do Comportamento Humano, a
qual é baseada na eficiência adaptativa e evolucionária da racionalidade
procedimental.
ESTRUTURA GERAL DA ABORDAGEM DE NORTH
Observando a figura, percebe-se que um “menu” de escolhas econômicas se
apresenta às empresas e organizações. Uma empresa, por exemplo, precisa
decidir que combinação de produtos pretende ofertar, em que quantidades,
que combinação de insumos para produção, etc., sempre objetivando a
maximização dos seus lucros. Isso é o que ocorre tradicionalmente nas
empresas quando se trata, inicialmente, o lado da produção e da
transformação. Mas esta não é a única dimensão das escolhas que se
apresentam às empresas. Elas também estabelecem escolhas e interação com
outras organizações e fazem “cálculos institucionais” sobre
como maximizar suas posições no elenco de oportunidades e restrições que
se lhes apresentam.
Para que se examine a importância desta dimensão contratual/institucional
nas decisões econômicas, basta que se levante a questão principal da
discussão sobre a integração vertical das empresas: “make-or-buy
decision” (decisão de produzir ou comprar). Em termos da Indústria
de Software e Serviços mundiais, a questão central hoje (tanto para
desenvolvedores quanto para clientes) é: desenvolver ou promover o
outsourcing!
Se sua empresa, organização ou instituição ainda não definiu sua
estratégia de informação, sinta-se à vontade para nos contatar.
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