Por que determinados projetos de desenvolvimento de software via de regra
não cumprem prazos e metas estabelecidos, fazendo emergir tensões
indesejadas na relação entre desenvolvedores e clientes? A resposta pode
não estar na ausência de uma métrica de esforço do seu desenvolvimento
per se, mas sim na inobservância dos custos de transação
envolvidos no processo geral de desenvolvimento do software.
O argumento que temos defendido nesta Newsletter é o de que os
desenvolvedores de software não têm incorporado a dimensão dos custos de
transação nas diversas etapas do desenvolvimento de software. Neste
espírito, vamos procurar (nesta edição e em outras) apontar o que são
estes custos, como eles afetam a estrutura, a conduta, e finalmente, o
desempenho das empresas e organizações, e em que medida eles devem ser
enfrentados.
Em Economia, um custo de transação é um custo incorrido ao se fazer uma
troca econômica. Por exemplo, a maioria das pessoas quando compra ou vende
uma ação deve pagar uma comissão para a corretora de valores; esta
comissão é um custo de transação para efetivar o acordo com a ação. Ou,
quando compramos um produto num supermercado, como um suco; para comprar
este suco, os nossos custos serão não somente o preço propriamente dito,
mas também a energia e o esforço demandado para encontrá-lo nas variedades
de sucos que nós preferimos, onde encontrá-los e a que preço, o custo de
nos dirigirmos até o supermercado e voltar, o tempo esperando na fila para
pagar, e o esforço de pagar; os custos acima do custo do suco são os
custos de transação.
Um número de categorias de custos de transação tem se tornado conhecido
por alguns nomes em particular:
• Custos de busca e de informação são custos tais como aqueles
incorridos em determinar se o produto requerido está à disposição no
mercado, quem tem o menor preço, etc.;
• Custos de barganha são os custos requeridos para se chegar a um
acordo numa transação com uma pessoa ou empresa ao se desenhar um contrato
entre as partes;
• Custos de policiamento e enforcement (aplicação, sanção)
são os custos de garantir que as partes numa transação cumpram os termos
do contrato, e tomem a ação apropriada (frequentemente a partir do sistema
legal).
De acordo com o Prof. Oliver E. Williamson, um dos principais mentores da
Teoria dos Custos de Transação, os principais determinantes (ou
fontes) dos custos de transação são incerteza, racionalidade limitada e
comportamento oportunista. Já suas características mais marcantes são
freqüência, grau de especificidade de ativos, e grau de complexidade.
Incerteza é algo inerente à atividade econômica; ao se entrar numa
transação, ou jogo econômico, tem-se informação incompleta sobre as
características dos parceiros, sobre preços de bens e serviços, qualidade
e disponibilidade de produtos, dentre outros. Geralmente os “jogadores”
econômicos são limitados em sua habilidade de processar informação (racionalidade
limitada) para tomada de decisão, o que leva aos contratos incompletos
e às assimetrias de informação. Oportunismo é definido como uma
forma semi-forte de racionalidade em que os jogadores são assumidos tendo
a intenção de se comportarem racionalmente, mas somente até um determinado
limite.
O conceito de especificidade de ativos é usualmente definido como a
extensão pelos quais os investimentos realizados para dar suporte a uma
transação em particular têm um valor maior para aquela transação do que
eles teriam se eles fossem reempregados para qualquer outro propósito. Por
exemplo, a produção de certo produto pode necessitar de um equipamento
físico único, ou a entrega de certo serviço pode ser praticada pela
existência de um conjunto incomum de know-how profissional e habilidades.
O Prof. Williamson sugere seis principais tipos de especificidade de
ativos:
1- Especificidade de lugar
2- Especificidade de ativo físico
3- Especificidade de ativo humano
4- Nomes de marcas
5- Ativos dedicados
6- Especificidade temporal
A característica mais marcante desta variável econômica é a de que uma
alta especificidade de ativo requer um contrato robusto (geralmente de
longo-prazo), ou sua internalização, para combater a ameaça de
oportunismo. Neste sentido, a especificidade de ativos é reconhecida como
um fator que leva à verticalização dos processos empresariais. Em outras
palavras, leva à sua integração vertical, que envolve um conjunto
de decisões importantes, como a de make-or-buy decision (produzir
internamente à empresa ou comprar, terceirizando, o famoso outsourcing).
Um aspecto a destacar nos dias de hoje, é o de que as empresas e
organizações se desenvolvem e se tornam maiores ao longo do tempo
utilizando mais e mais computadores e redes de computadores. Este
crescimento do número de computadores leva ao crescimento do uso de
software e serviços correlatos, e, como um resultado, ao crescimento do
uso/acesso de licenças de software para serem compradas e gerenciadas.
Sendo assim, costuma-se implementar uma nova tecnologia de informação
- TI como sendo um meio para reduzir os custos de transação das empresas e
organizações. No entanto, na prática implementar uma nova TI
freqüentemente resulta em maiores custos transacionais. Isto ocorre porque
a quantidade de informação que necessita ser processada pela empresa ou
organização aumenta.
Em resumo, e utilizando (na figura baixo) a dinâmica de um velho paradigma
da Teoria da Organização Industrial {o paradigma
Estrutura-Conduta-Performance que diz que a estrutura de um
mercado [onde se manifestam as relações da empresa(s) e o mercado]
condiciona a conduta da(s) empresa(s) neste mercado, e que tal
conduta afeta o desempenho da(s) empresa(s) neste mercado}, cremos
que o “elo faltante” na otimização dos processos empresariais e
organizacionais em geral, e nos processos de desenvolvimento de software
em particular, é o entendimento mais aprofundado das nuances da
Economia dos Custos de Transação.
Se sua empresa, organização ou instituição ainda não definiu sua
estratégia de informação, sinta-se a vontade para nos contatar.
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