30/04/2007                                                                                                                                                                                                          Ano I - Edição 5

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Causas e Efeitos da Desigualdade


O Brasil é um país de contrastes e é extremamente desigual. As causas da desigualdade podem ser buscadas em dois mecanismos que se conectam, e se afetam mutuamente:


1) na interação entre as desigualdades da Educação, da Riqueza, e da Representação Política, de um lado;   2) e no grau de complementaridade entre o tipo de investimento tecnológico que o país adota e o uso do seu capital humano qualificado, de outro lado.


A engrenagem destes dois mecanismos tem forte impacto na estratégia de crescimento econômico que o país promove, e, por conseguinte, na sua inserção tecnológica (no contexto da Fronteira Tecnológica Mundial - FTM) e na sua convergência para o chamado bloco dos países desenvolvidos. De maneira sintética, o processo se manifesta da seguinte maneira.


Numa primeira fase, se o país não convive com uma distribuição uniforme de representação política, o que concorre para um aumento da concentração de riqueza, uma auto-sustentada “armadilha de alta-desigualdade” pode emergir, na qual a desigualdade educacional pode assegurar a persistência da desigualdade da riqueza, que, por seu turno pode permitir a persistência da desigualdade política, a qual, por sua vez, pode garantir a continuação da desigualdade educacional. Adicionalmente, se o país não demonstra habilidade em adquirir, em quantidade e qualidade, competências e capacitações humanas (que são oriundas da primeira fase) que são usadas intensamente para a produção de investimento tecnológico (numa segunda fase), ele pode erodir sua capacidade de desenvolver (no limite superior), ou de até absorver (no limite inferior), conhecimento que é necessário para se conectar à FTM. O resultado é conhecido: a distância para a FTM aumenta, o país não converge para o bloco dos mais desenvolvidos, e as duas desigualdades (externa e interna) tendem a persistir.


Numa segunda fase, se o país pretende crescer ele pode adotar dois tipos (ou rotas) de investimento tecnológico:
 


A primeira rota é virtuosa e leva ao bloco dos ricos. A segunda rota é duvidosa, porque os custos crescentes de imitação podem levar a algo análogo aos retornos decrescentes do capital. Mesmo que adote esta rota, um país pode chegar a um ponto de mudança onde ele avalia se continua a assimilar/adaptar tecnologias dos mais desenvolvidos, ou se supera um determinado nível de habilidades do seu povo e passa a desenvolver tecnologia de ponta.


Mas o que é mais relevante é que estas rotas têm que ter complementaridade com um uso equilibrado (interno ao país) do capital humano qualificado. Se o país tem uma educação desigualmente distribuída, frágil, com baixa escolaridade, com amplos problemas de retenção e evasão, com um reduzido conjunto de jovens se qualificando em níveis superiores (os poucos que receberão os melhores “prêmios de capacitação”), se ele tem uma educação profissional deficitária, e se forma poucos pesquisadores e poucos empreendedores (que são fundamentais para a inovação tecnológica), o mesmo encontrará enormes dificuldades de acompanhar, de forma equilibrada, os avanços que estão acontecendo na FTM, o que concorrerá até para a erosão da capacidade de absorver conhecimento gerado em outros países, e, no limite, tornará mais difícil a chegada ao clube dos ricos.


Afinal, qual, então, tem sido sua estratégia de capital humano e de investimento tecnológico? Se sua empresa, organização, ou instituição ainda não definiu uma estratégia clara nestes dois itens, sinta-se à vontade para nos contactar!

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