Recentemente foi divulgado pela revista Strategy + Business (que pertence à empresa Booz & Company, firma de consultoria em gestão global) o relatório “The Global Innovation 1000”. Este relatório analisa dados sobre gastos e desempenho em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) de 1000 empresas de capital aberto no mundo.

Este estudo anual defende, tanto nas suas 7 (sete) edições anteriores quanto nesta, que não há relação estatisticamente significativa entre desempenho financeiro e gasto em inovação, tanto em termos de dólares de P&D quanto em termos de P&D como percentagem de receitas. Adicionalmente, nesta nova edição o estudo aponta que os fatores mais cruciais para inovação são o alinhamento estratégico (entre a estratégia de inovação e a estratégia corporativa) e uma cultura que dê suporte à inovação. Desta forma, a edição deste ano traz o título “Why Culture Is key” (Porque a Cultura é Chave).

Afinal, se a cultura importa, o que é uma Cultura Inovadora? Para se falar de cultura inovadora é necessário tratar inicialmente da cultura corporativa. Jay Barney, um dos principais mentores da Resources Based View (Visão Baseada nos Recursos), uma das mais referenciadas teorias recentes da área de Administração Estratégica, identifica a cultura corporativa como um recurso (ativo) da empresa, e por ser uma fonte potencial de vantagem competitiva sustentável, tem grande importância estratégica.

E. W. Schein, em seu livro “Organizational culture and leadership” (Cultura Organizacional e Liderança), editado pela Jossey-Bass em 1996, define cultura organizacional como “um padrão de suposições básicas compartilhadas que o grupo aprendeu à medida que resolveu seus problemas de adaptação externa e integração interna, que tem trabalhado bem o suficiente para ser considerado válido e, portanto, para ser ensinado para novos membros como a forma correta de perceber, pensar, e sentir em relação àqueles problemas”.

Desta forma, podem ser percebidos três níveis em que a cultura pode ser distinguida e analisada. Eles são: a) as suposições básicas compartilhadas ou valores; b) as normas comportamentais; e, c) os artefatos e comportamentos. Estes níveis diferem em graus da visibilidade da cultura pelo observador.Em seu livro“Open and Closed Innovation: Different Cultures for Different Strategies” (Inovação Aberta e Fechada: Culturas Diferentes para Estratégias Diferentes). Gabler. 2nd Edition, 2011, PhilippHerzog captura estes conceitos e utiliza a metáfora do iceberg para apresentar estes três níveis da cultura a partir da figura à frente.

Segundo ele, os artefatos incluem rituais e cerimônias, estórias, arranjos, e a linguagem criada por uma organização. Juntos com os padrões de comportamento corporativo eles constroem o nível da superfície do iceberg, i.e., o nível mais visível da cultura organizacional. O termo práticas incorpora os dois. Normas comportamentais são expectativas sobre comportamento ou seus resultados que são pelo menos parcialmente compartilhados por um grupo social. Como tal, podem ser vistos como princípios sociais, metas, filosofias, e padrões que definem atitudes apropriadas e comportamentos específicos legítimos. Eles são muito mais específicos e relevantes para estes comportamentos do que os valores. Os valores podem, como a manifestação mais profunda da cultura, ser definidos como uma conceituação, explícita ou implícita, distintiva de um indivíduo ou característica de um grupo, do que é desejável que influencia a seleção de disponíveis modos, meio e fins das ações. Como o núcleo da cultura, valores podem ser caracterizados como sentimentos amplos e não específicos do que é, por exemplo, bom ou ruim, normal ou abnormal.

Existem na literatura alguns paradigmas da cultura organizacional, bem como tipos de cultura corporativa. A questão central é a de como se introduzir a questão da inovação na cultura corporativa. Um primeiro nível que podemos apontar é o de como se introduzir uma cultura inovadora numa empresa que ainda não tem. Um outro nível, que é o que está ganhando bastante visibilidade nos dias atuais, é o de como passar de uma cultura inovadora fechada (Closed Innovation) para uma cultura inovadora aberta (Open Innovation).

Por questão de espaço, trataremos destas questões em uma nova newsletter!

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