Esta é a nossa última newsletter de 2015! Nela finalizamos a discussão sobre o impacto da inovação do crescimento do PIB, iniciada na newsletter da semana passada. Para recapitular, o Prof. Dietz Vollrath apontara que a inovação não necessita aumentar o PIB porque ela (a inovação) deve reduzir os insumos de recursos usados, mais do que elevar a quantidade de produto produzida. Ou seja, a inovação libera recursos!
O argumento do Prof. Vollrath se estruturou a partir de um comentário de outro economista (Areendam Chanda) ao seu primeiro post sobre o impacto da inovação no PIB. Segundo este comentário:
“Interessante – mas se a inovação libera recursos, o que nós estamos fazendo com os recursos extras? Para seguir o argumento do Prof. Mokir – carros sem motoristas irão reduzir as horas de comutação. O que acontece com o tempo liberado? Eu estou presumindo que se pode argumentar que isto eleva o bem estar ao elevar o tempo de lazer (ao menos que nós planejemos gastar este tempo extra trabalhando, o que neste caso estaria demonstrado num PIB aumentado). Ademais, como nós poderíamos descobrir a efetividade da política de P&D se nós não pudéssemos encontrar uma maneira apropriada de medir o bem estar (assumindo que nós não confiemos mais no PIB)?”
O Prof. Vollrath aponta que nós podemos colocar esses recursos extras para produzir outros bens e serviços, e, como assinalado por Chanda, nós ainda devemos perceber o PIB subir. Ou, nós podemos deixar que esses recursos fiquem ociosos – nós podemos desejar mais horas de lazer. Mas se o PIB não é necessariamente correlacionado com inovação, há alguma maneira de medir a efetividade do P&D/inovação no bem estar?
Sua resposta é que sim! E ele toma emprestado isso de um artigo intitulado “Productivity and the Welfare of Nations” (Produtividade e Bem Estar das Nações), desenvolvido por Susanto Basu, Luigi Pascali e Fabio Schiantarelli, e publicado em 2012, no National Bureau of Economic Research, dos EUA. A ideia básica deste artigo é a de que a medida residual de produtividade [o resíduo de Solow (*)] é diretamente relacionada aos níveis de bem estar. Se ele está subindo, então o bem estar também estará. E este resíduo deve subir mesmo se o PIB esteja caindo porque nós estamos usando menos inputs (a partir de nossas inovações).
Sem precisar entrar no raciocínio matemático relacionado com a teoria do crescimento econômico que o Prof. Vollrath estabelece para comprovar seu argumento, o que ele chega à conclusão é que a produtividade total dos fatores- PTF é mesmo o que nós deveríamos estar medindo e conversando quando tratamos sobre inovação e/ou bem estar. Ou seja, o nível dos insumos é uma variável escolha, mas em sendo uma variável escolha não é necessariamente claro se mais (dela) significa melhor! Em resumo, nós devemos achar melhores coisas a fazer com o nosso tempo do que trabalhar/treinar/poupar se a produtividade continuar a subir!
Como dissemos na primeira parte desta newsletter, e que abriu esta discussão, este é um tema interessante e envolvente, já que muitos fazem hoje uma associação quase que imediata entre gerar mais inovações e “desejar” que isto contribua para o PIB!
Se sua empresa, organização ou instituição deseja saber mais sobre o papel da inovação no PIB, não hesite em nos contatar!
(*) O Prof. Robert Solow (Prêmio Nobel de Economia de 1987) foi o primeiro economista a especificar um modelo para a contabilidade do crescimento econômico. Neste modelo, ele forneceu uma combinação matemática entre os recursos de capital e de trabalho para explicar o crescimento econômico. E ao especificar este modelo, ele apontou para a existência de um “resíduo”, ou seja, a proporção do crescimento que não pode ser explicada pelo crescimento no capital ou no trabalho. Ou seja, é uma medida da nossa ignorância (também chamada de produtividade total dos fatores- PTF)!