Em um artigo para o Wall Street Journal, intitulado “Software is Eating the World”, em 20/08/2011, o criador do primeiro browser da web no mundo, e atual mega investidor no Vale do Silício, Marc Andreessen, sintetizou muito bem o que move nosso mundo hoje: software está por trás de tudo! A frase representa uma profunda mudança de uma economia baseada em hardware para uma baseada em software e serviços associados.

Mas isso não significa que hardware passou a ser desprezível.  Muito ao contrário: “Hardware is eating software”!  Depois de pronunciada como morta no último mês de fevereiro na revista Nature, a Lei de Moore parece ter uma “estranha pós-vida”.  É o que se pode inferir a partir do Projeto Catapult da Microsoft. De acordo com recente matéria da revista Wired, no futuro umas poucas companhias gigantes da Internet irão operar uns poucos serviços gigantes da Internet tão complexos e tão diferentes do que já é conhecido, que essas companhias terão que construir novas arquiteturas completas para rodá-los.

Essas companhias terão que criar não somente o software para operar esses serviços, mas também o hardware, incluindo servidores e redes.  O Projeto Catapult objetiva equipar todos os servidores da Microsoft – milhões deles – com chips especializados que a companhia pode reprogramar para tarefas particulares. Seus idealizadores entendem que os produtores de hardware do mundo não ofertarão o que a Microsoft precisa para operar esses serviços online; logo, para não ficar para trás a companhia deve construir seu próprio hardware, uma tendência já seguida por Google e Amazon.

Deste modo, os chips programáveis – chamados Field Programmable Gate Arrays – FPGAs, que já estão dando suporte ao Bing, irão conduzir novos algoritmos de busca baseados em deep neural networks (redes neurais profundas) – Inteligência Artificial modelada na estrutura no cérebro humano – executando esta inteligência artificial várias ordens de magnitude mais rápido do que os chips ordinários; ou seja, 23 milisegundos ao invés dos quatro segundos em sua tela. 


Os FPGAs já estão por trás do Azure, o serviço de cloud computing da companhia.  E nos próximos anos, quase cada novo servidor da Microsoft irá incluir um FPGA. E isso significa milhões de máquinas em todo o planeta.  O que também significará massiva capacidade e enorme flexibilidade, e a economia surgirá, garantem os seus defensores, apontando que “isto é agora um padrão Microsoft, com arquitetura mundial”.

Para um melhor entendimento, o engenho de busca da Microsoft, por exemplo, é um único serviço online que roda através de milhares de máquinas. Cada máquina é guiada por uma CPU, e apesar de companhias como a Intel continuarem a melhorá-los, esses chips não estão acompanhando o passo com os avanços em software. Serviços como o Bing ultrapassaram a Lei de Moore, a noção canônica que o número de transistores em um processador dobra a cada 18 meses. Logo, você não pode jogar mais CPUs no problema.

Por outro lado, é geralmente mais caro criar purpose-built chips (chips especializados voltados a propósitos) para cada novo problema.  Os FPGAs fazem essa ponte.  Eles permitem que os engenheiros construam chips que são mais rápidos e menos sedentos de energia do que uma linha montada de CPU de propósito geral, mas que sejam customizados de forma que eles possam lidar com novos problemas para as constantes mudanças tecnológicas e em modelos de negócios.

Essa estratégia de oferta global de infraestrutura computacional avançada é totalmente aderente à nova estratégia de negócio estabelecida pelo CEO da Microsoft, Satya Nadella, de “Democratizing AI for every person and every organization” (Democratizar a Inteligência Artificial para cada pessoa e para cada organização). Essa estratégia de democratizar IA, segundo Nadella, é baseada em quatro enfoques:

● Nós vamos reforçar a inteligência artificial para mudar fundamentalmente como nós interagimos com o ambiente computacional, os agentes, em nossas vidas;

● Nós vamos introduzir cada aplicação que nós interagimos, em qualquer dispositivo, a qualquer hora, com inteligência;

● Nós vamos fazer com que essas mesmas capacidades de inteligência que estão introduzidas nas nossas apps – as capacidades cognitivas – sejam disponíveis para cada desenvolvedor de aplicação no mundo;

● Nós estamos construindo o mais poderoso supercomputador de IA, e fazendo-o disponível a qualquer um, via cloud, para possibilitar que todos aprofundar seu poder e enfrentar os desafios de IA, grande e pequeno.

Tudo isso parece indicar que hardware e software, hoje mais do que nunca imbricados, continuam imprescindíveis ao futuro da computação mundial, e que a Microsoft, ao contrário do que muitos imaginavam, não deixou de inovar e se mostra disposta a enfrentar os novos desafios do mundo dos negócios!

Se sua empresa, organização ou instituição deseja saber mais sobre novos modelos de negócios a partir de chips reprogramáveis, fique a vontade para nos contatar!