Finanças Digitais, segundo definição da Comissão Europeia, é o termo usado para descrever o impacto das novas tecnologias na indústria de serviços financeiros. Ele inclui uma variedade de produtos, aplicações, processos e modelos de negócios que têm transformado o modo tradicional de ofertar serviços bancários e financeiros.

Na realidade, Digital Finance é uma nova área de conhecimento relacionada com a transformação digital do setor de finanças no mundo. E o que isso quer dizer? Durante boa parte da Era Industrial, a área de Finanças (ou de Economia Financeira) era o ramo da Economia caracterizado pela concentração das atividades monetárias, em que a moeda (o dinheiro), de um tipo ou de outro, estava presente em ambos os lados de uma negociação comercial. Sua preocupação era, então, com a interrelação de variáveis financeiras, tais como preços, taxas de juros e ações, em contraste com aquelas preocupações da economia real. Ela focava em dois campos de interesses: preços dos ativos e finanças corporativas.

Com a evolução da Era Digital a partir dos anos 50 e 60 do século passado, houve inicialmente o que se pode denominar de uma progressiva “digitalização” da infraestrutura, dos serviços e das aplicações dos sistemas financeiros tradicionais, o que possibilitou um crescente avanço em direção à inovações tecnológicas e novos modelos de negócios voltados ao setor.

A crise financeira dos anos 2007/8, no entanto, representou um novo e significativo marco (ou ponto de inflexão) na trajetória que vinha sendo paulatinamente estabelecida nas décadas precedentes, já que ela deu origem ao que hoje se denomina por “Decentralized Finance – DeFi” (Finanças Decentralizadas), bem como ao surgimento dos “Networked Digital Assets” (Ativos Digitais em Rede, tais como as moedas e contratos digitais). E para um melhor entendimento deste fenômeno, vamos nos valer parcialmente da interpretação de um dos agentes deste novo contexto financeiro (o https://defipulse.com).

Na era civilizada da humanidade, nós inventamos a moeda (ou o dinheiro) para trocar coisas de valor mais facilmente. Subsequentemente, a moeda nos ajudou a desenvolver novas inovações e a encontrar novos níveis de produtividade. No entanto, o progresso não veio sem custos.

Historicamente as autoridades centrais, tais como governos, emitiram moedas que deram suporte às suas economias. Esperava-se que bancos centrais e instituições gerenciassem cuidadosamente e regulassem a oferta de moeda em circulação. À medida que o tamanho e a complexidade de nossas economias cresceram, essas autoridades centrais ganharam mais poder, à medida que mais pessoas passaram a confiar nelas.

Nós confiamos nossos governos a não imprimirem dinheiro de um dia para o outro. Nós confiamos que nossos bancos guardem nosso dinheiro de forma segura. E, quando se trata de investimento, nós confiamos nossos ativos a um consultor financeiro. Ao passar o controle de nosso dinheiro a outros, nós esperamos obter um lucro. Mas, a triste verdade sobre nosso atual sistema financeiro é que o poder que vem junto com essa confiança não é sempre premiado.

Nós frequentemente temos muito pouco a dizer sobre como as corporações manipulam nossos investimentos, ou mesmo em como nossos governos gerenciam a economia. E, na maioria dos casos, investidores somente recebem uma fração dos retornos gerados pelos riscos tomados por aquelas autoridades centrais.

É aí que surge a DeFi. A DeFi tem como objetivo criar um sistema financeiro que seja aberto a todos e que minimize a necessidade de qualquer um confiar nas autoridades centrais. Tecnologias como a Internet, criptografia, blockchain e DLTs – distributed ledgers technologies - nos proporcionam hoje as ferramentas para coletivamente construirmos e controlarmos um sistema financeiro sem a necessidade de autoridades centrais.

Mas o que é mais interessante neste novo mundo das Finanças Digitais, é que as instituições tradicionais do sistema financeiro centralizado (marcadamente os bancos) estão se apropriando daquelas novas tecnologias para também estabelecerem novas arquiteturas e novos modelos de negócios neste novo contexto de transformação digital.

Todavia, para entendermos um pouco mais sobre a natureza, estruturação e dinâmica desses dois novos ecossistemas (os descentralizados e os tradicionais-em-transição), na próxima newsletter vamos tratar um pouco mais sobre o que é o “ecossistema DeFi”, para em seguida apontarmos a reação do ecossistema “tradicional-em-transição”!

Se sua empresa, organização ou instituição deseja saber mais sobre Digital Finance, não hesite em nos contatar!

OBS: O interesse do editor desta newsletter em Digital Finance não é de agora. Ele se iniciou de forma mais efetiva há uns quatro anos com a orientação de três monografias de graduação no Centro de Informática - CIn da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE (1, 2, e 3, respectivamente), e tem se prolongado em algumas newsletters relacionadas à área!