Na newsletter da semana que passou apontamos que dois artigos recentes, publicados na prestigiosa revista Nature, Chetty et al. (2022) (1, e 2), introduziram medidas detalhadas da variável Capital Social usando 21 bilhões de amizades da plataforma digital do Facebook – o maior conjunto de dados do mundo sobre conexões sociais. O escopo dos dados possibilitou quantificar vários tipos de capital social, e a explorar os efeitos dessas redes sociais.

No primeiro dos artigos, intitulado “Social capital I: measurement and associations with economic mobility” (Capital social I: mensuração e associações com mobilidade econômica), os autores construíram medidas de capital social usando dados de redes sociais de 72,2 milhões de usuários de Facebook dos EUA, com idades entre 25 e 44 anos – um intervalo no qual mais de 80% dos adultos usaram Facebook. Eles analisaram dados ao nível do indivíduo para construir medidas de capital social nacionalmente, e por município e ao nível de código postal.

No segundo artigo, intitulado “Social capital II: determinants of economic connectedness” (Capital social II: determinantes de conectividade econômica) (3), os autores apontaram que muitos pesquisadores e fazedores de políticas levantaram preocupações com o fato de que as sociedades no mundo estão fragmentadas e polarizadas, com poucas interações ao longo de linhas de classes racial e política. Além de ser uma preocupação em si, a ausência de interação entre diferentes grupos de pessoas está associada com piores resultados econômicos e sociais.

Neste artigo os autores analisam os determinantes de interações sociais ao longo de linhas de classes, examinando porque pessoas com maior SES (Social Economic Status – Status Sócio Econômico) tendem a ter mais altas amizades SES. Baseando-se em pesquisas anteriores, eles distinguem dois canais que podem gerar diferenças na participação de um indivíduo em amizades de alto SES: (1) diferenças na exposição a altos SES, a participação de membros de alto SES nos grupos em que pessoas com diferentes status socio econômico pertencem (por exemplo, suas escolas ou organizações religiosas); e, (2) diferenças em viés de amizade, a taxa na qual pessoas são amigas de indivíduos de alto SES condicionada na participação dos membros de alto SES no grupo (isto, é condicional na exposição).

A distinção entre estes dois canais é crucial para desenvolver intervenções (políticas) para aumentar a conectividade econômica – se diferenças em exposição são centrais, logo esforços para aumentar a integração socioeconômica nas vizinhanças e escolas pode ser a chave para aumentar a conectividade; em contraste, se o viés de amizade é central, deve-se, ao invés, focar em como aumentar a interação social ao longo de linhas de classes dentro das vizinhanças e escolas existentes.

Eis aí alguns importantes insights para se pensar em como diminuir as crescentes fragmentação social e a polarização que estamos assistindo nas democracias mundo afora. Talvez olhando mais para a questão do capital social dos indivíduos, possamos entender mais por que tem sido tão mais difícil promover crescimento e desenvolvimento econômico atualmente!

Se sua empresa, organização ou instituição, deseja saber mais sobre a importância do capital social no crescimento e no desenvolvimento econômicos, não hesite em nos contatar!

  1. Chetty, Raj et. al. (2022). Social capital I: measurement and associations with economic mobility. Nature, Vol 608, 04 August.
  2. Chetty, Raj et. al. (2022). Social capital II: Social capital II: determinants of economic connectedness. Nature, Vol 608, 04 August.
  3. A medida de conectividade econômica captura a extensão pela qual indivíduos de status socioeconômico elevado (Socio Economic Status – SES) são amigos de pessoas com baixo SES.