Estamos de volta para mais um ano de newsletters. Começamos esta primeira com o conceito de Digital Moats. A ideia dos “moats” (fossos/barreiras) surgiu desde o Egito antigo chegando à era dos “castelos”, quando os monarcas ou titulares de propriedades construíam castelos protegidos por fossos ou barreiras para contenção de eventuais inimigos.

O conceito de “economic moats” foi apropriado e tornado popular através do investidor norte-americano Warren Buffet. Em uma convenção anual de acionistas de sua empresa (a Berkshire Hathaway) em 1995, Buffet foi perguntado pela audiência quais seriam os pilares econômicos de suas decisões de investimento, e ele afirmou: “Eu observo negócios com um amplo e duradouro moat/fosso no seu entorno, que estejam protegendo um terrível castelo econômico, e com um lord (senhor) honesto encarregado do castelo”.

A partir de então o conceito foi incorporado ao vocabulário dos financistas (ver, por exemplo, livros como Why Moats Matter) no intuito de encontrar investimentos em grandes e duradouros negócios a grandes preços. Mas será que o que foi importante para Buffet e para seus seguidores na era pré-digital é também válido para a era digital dos investimentos? Se sim, o que se pode dizer hoje de um “Digital Moat”? Quais são, então, das estratégias digitais de proteção dos negócios digitais?

Em recente trabalho intitulado “25 Business Moats That Helped Shape The Word´s Most Massive Companies”, a empresa CB Insights apresenta uma interessante compilação de estratégias digitais de moats de empresas. O documento começa com a seguinte questão: “O que companhias como Amazon, Uber e Starbucks têm em comum?”. A resposta: “Dentre várias características compartilhadas, essas companhias prosperam ao entender, construir e fortalecer seus business moats (barreiras de negócios) – as vantagens competitivas chaves que as colocam à parte”.

O trabalho assinala que companhias podem construir moats fortalecendo suas marcas, atingindo economias de escala, ou mesmo lobbying por status especiais a partir do governo. Em retorno, elas podem receber lealdade dos consumidores, poder de precificação, e proteções legais que tornam difícil para outras companhias competirem com elas.

No século 20, aponta a CB Insights, as grandes companhias do mundo foram construídas em moats de economias de escala ou governo. Hoje, no entanto, os moats mais duráveis estão sendo construídos a partir de diferentes tipos de vantagens, tais como network effects (efeitos de rede), dados, e engajamento no interior de um ecossistema de produto.

Neste sentido, o trabalho da CB Insights observou 25 exemplos de moats de negócios e mergulhou em como eles funcionam. Os exemplos foram escolhidos de acordo com critérios tais como tamanho, sucesso econômico, e habilidade de ilustrar os mecanismos e vantagens de um particular tipo de moat de negócio. Muitas dessas companhias poderiam se situar em múltiplas categorias de moat de negócio, mesmo que o trabalho tenha listado um por companhia.

Essa perspectiva de análise se apresenta como uma nova linha de estudos, pesquisas e aplicações para o Brasil, e de modo particular para suas novas empresas da indústria de tecnologias de informação e comunicação – TICs. Tendo o país passado por uma onda de preocupações com o fomento (incubação e aceleração) de novas empresas de TICs (as startups), seguido de outra onda de atenções para as empresas de potencial crescimento (as scaleups), cremos que chegou o momento de também nos preocuparmos em o quê e como fazer com que nossas empresas tecnológicas tenham amplo e duradouro sucesso (ou seja, tornem-se lastingups)!

Se sua empresa, organização ou instituição deseja saber mais sobre Digital Moats, não hesite em nos contatar!