No mundo novo das moedas criptografadas (a mais conhecida delas sendo o Bitcoin) e outros ativos criptografados há também um novo mundo de infraestruturas, serviços e aplicações, tais como as redes blockchain, os smart contracts (contratos inteligentes), e as chamadas “Decentralized Autonomous Organizations – DAOs (Organizações Autônomas Descentralizadas – OADs)”, dentre diversos outros ativos digitais.

Mas o que são as DAOs? Há hoje na literatura um conjunto razoável de informação trazendo respostas a esta pergunta. Recente documento do Fórum Econômico Mundial – FEM (*) inicia sua resposta a partir do que motivou seu surgimento. Tradicionalmente, a gestão hierárquica tem oferecido um meio de dirigir a atividade humana. Entidades diversas, tais como governos, instituições religiosas e corporações usam métodos centralizados para governarem seus recursos, territórios e comunidades. Utilizando inovações tais como companhias por ações, organizações centralizadas se tornaram algumas das mais poderosas e economicamente valiosas empresas já criadas.

Mas a centralização não vem sem custos. Com uma pequena minoria do comando, as entidades centralizadas tendem a tomar decisões de forma opaca e consolidam seu poder no topo. Reconhecendo as limitações da governança centralizada, pioneiros da Internet usaram protocolos abertos e padrões para empoderar participantes em torno do mundo a colaborar em projetos ambiciosos. Técnicas de produção social, utilizando software open-source, ferramentas de colaboração online e interfaces abertas desempenharam um papel chave no desenvolvimento da Internet. Com o tempo, no entanto, o poder se tornou consolidado em um punhado de corporações ocupando papel estratégico em pontos de intermediação no mundo digital.

Hoje, empreendedores estão usando tecnologias, incluindo blockchain, ativos digitais e DAOs, para criar novos mecanismos de governança descentralizada e coordenação. Ao empoderar membros detentores de tokens a propor, votar e materializar mudanças para uma entidade, as DAOs possibilitam comunidades a trabalhar colaborativamente em direção ao alcance de objetivos compartilhados.

As DAOs aspiram operar sem intermediários centralizados convencionais, ou estruturas institucionais para funcionar, tais como a alocação de tarefas e o emprego de recursos. As suas estruturas abertas, componíveis (**) as tornam simples de lançar e customizar com estruturas apropriadas de incentivos. Ao encapsular acordos em código computacional automaticamente executável, as DAOs podem fomentar tomadas de decisão rápidas e transparentes.

Tais características tornaram a paisagem das DAOs um campo fértil para a inovação. Em anos recentes, as DAOs invadiram vários setores servindo a uma ampla variedade de funções. DAOs têm sido alavancadas para fazer investimentos, redes em torno de interesses comuns, e mesmo o avanço da agenda ESG (Environment-Social-Governance). Apesar de tudo, as DAOs ainda estão no seu início, e suas operações, utilidades e funções ainda estão sendo definidas.

Para aqueles interessados em mais detalhes sobre as DAOs, recomendamos tanto o relatório do FEM aqui referido (*) quanto publicações acadêmicas que estão tentando fazer levantamentos sistemáticos da literatura sobre elas (***). Para aqueles interessados em saber sobre o volume de ativos já gerenciados pelas DAOs no mundo, seus contribuintes, e indústrias nas quais operam, uma visita ao hub DeepDao (****) é mais que recomendável.

Se sua empresa, organização ou instituição deseja saber mais sobre DAOs, não hesite em nos contatar!

(*) https://www.weforum.org/publications/decentralized-autonomous-organizations-beyond-the-hype/

(**) Ver sobre a propriedade de composability (ou componibilidade) nas newsletters Composable Business Models (Modelos de Negócios Componíveis) e Composable Business Model Design (Projeto de Modelo de Negócio Componível))

(***) https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=4378966

(****) https://deepdao.io/organizations