Nas duas últimas semanas estivemos tratando nesta newsletter sobre “Cultura da Inovação”. Restava-nos discutir as estratégias da Inovação Fechada e da Inovação Aberta. E nada melhor do que tratar destes assuntos referenciando o livro de Philipp Herzog, “Open and Closed Innovation: Different Cultures for Different Strategies”, de 2008, e com segunda edição, pela Gabler, em 2011, que dá origem ao título desta newsletter.

Herzog apresentou o problema de pesquisa que resultou no seu livro da seguinte forma. No passado, pesquisadores e administradores no campo da gestão da tecnologia e da inovação associaram fortes capacidades internas de P&D com inovatividade (para um tratamento deste conceito, ver a newsletter de 10/04/2011, intitulada “Qual é a inovação, e qual é a inovatividade?”). Ideias e invenções eram geradas no interior dos próprios laboratórios da empresa, e depois desenvolvidos em produtos comercialmente tratados pelo próprio departamento de engenharia da empresa. Eventualmente a difusão das inovações no mercado era levada pelos próprios departamentos de marketing e vendas da empresa, via os próprios canais da empresa.

De forma geral, as empresas somente esporadicamente compartilhavam seus resultados inovadores com outros como um meio de gerar competitividade. A opinião subjacente dos pesquisadores e administradores era que “inovação de sucesso requer controle”. Este modo fortemente dependente de inovar foi cunhado de forma pioneira pelo Prof. Henry Chesbrough, da Universidade da Califórnia, em Berkeley nos EUA, como sendo a Inovação Fechada, em seu livro Open Innovation: The New Imperative for Creating and Profiting from Technology (Inovação Aberta: O Novo Imperativo para Criar e Lucrar de Tecnologia) (Harvard Business School Press, 2003).

No contexto da Inovação Fechada, pesquisa no campo da gestão da tecnologia e da inovação tem sido largamente focalizada em achar o processo de inovação ótimo que resulte em uma multitude de diferentes modelos de processos, com o stage-gate model (modelo de estágio-entrada) sendo provavelmente o conceito mais largamente usado. Subsequentemente, a gestão de portfólio se tornou a próxima maior onda em ajudar as empresas a melhorar sua gestão de inovação. Hoje, no entanto, é difícil pensar em pesquisa em tecnologia e gestão da inovação sem pensar em Inovação Aberta.

Como apontado por Herzog, várias razões, tais como uma competição global mais aguda, o aumento da complexidade tecnológica, ou uma maior disponibilidade e mobilidade de capital humano altamente habilitado em P&D, têm levado a mentalidade “do-it-yourself” (fazer você mesmo) da Inovação Fechada ser praticamente insustentável em muitas indústrias. As empresas têm reconhecido que a importância do controle total tem diminuído. Ideias valiosas e tecnologias não necessitam originar dentro da própria empresa, e o lançamento daquelas ideias e tecnologias no mercado não necessitam ser acompanhadas pelas próprias atividades das empresas.

De modo a gerar inovações radicais e/ou desenvolver novos negócios, as empresas estão frequentemente dependentes de fontes externas de desenvolvimento de conhecimento. Esta necessidade premente de integrar fontes externas de P&D tem levado muitas empresas a mudar de um modelo de Inovação Fechada para um de Inovação Aberta, usando ideias e conhecimento em conjunto com o P&D interno para atingir e sustentar inovação.

Herzog enfatiza que a Inovação Aberta denota, por um lado, o uso de fontes externa e interna de conhecimento para acelerar inovação interna e, por outro lado, o uso de caminhos externos para mercados para conhecimento interno. No entanto, muitas ferramentas de Inovação Aberta, tais como licenciamento, acordos de P&D conjunto, investimentos minoritários e venture capital corporativo, ou spin-offs eram bem conhecidos bem antes do termo se enraizar na teoria e na prática. Mas a Inovação Aberta é mais do que a soma das partes. Pelos seus defensores, ela é um enfoque holístico para a gestão da inovação, como sendo uma forma de “sistematicamente encorajar e explorar um amplo leque de fontes internas e externas de oportunidades de inovação, conscientemente integrando e exploring (explorando, no sentido de descobrir) com as capacidades e recursos da empresa, e amplamente exploiting (explorando, no sentido de usar) estas oportunidades através de múltiplos canais”.

Tendo observado, nas duas newsletters anteriores, que para tratar de Cultura da Inovação é necessário lidar com Cultura Corporativa, eis aí dois conceitos de estratégias (os de Inovação Fechada e Inovação Aberta) que têm fortes vínculos com as culturas corporativas de cada empresa, organização e instituição. Neste sentido, é bem apropriado o título desta newsletter, reproduzindo o título do livro aqui tratado, e retrata muito bem os cuidados que devem ser observados por aqueles que conduzem a gestão da inovação.

Se você deseja saber mais sobre culturas de inovação fechada ou aberta, fique a vontade para nos contatar!