Na semana passada esta newsletter fez referência ao Modelo de 4 Níveis de Competências, que está sendo desenvolvido pelo C.E.S.A.R., marcadamente com respeito às empresas de TICs.  Nesta newsletter vamos apresentar brevemente o Modelo de Valores Concorrentes (Competing Values Framework), associando-o ao Modelo de 4 Níveis de Competências através do modelo aqui denominado Innovation Competing Values Framework- ICVF (Estrutura de Valores Concorrentes da Inovação).

O Competing Values Framework - CVF foi desenvolvido pelos Professores da Universidade de Michigan, nos EUA, Robert E. Quinn e John Rohrbaugh, tendo adquirido popularidade a partir do artigo “A competing values organizational effectiveness”, publicado na revista Public Productivity Review, No. 2, pp 122-140, de 1981.  O modelo evoluiu ao longo do tempo e é hoje apresentado, de forma mais condensada, no livro “Diagnosing and Changing Organizational Culture: Based on the Competing Values Framework”, de Kim S. Cameron e Robert E. Quinn.

Um bom e breve resumo do CVF pode ser encontrado, em português, aqui.  O CVF é apresentado num esquema de quatro quadrantes que qualificam duas dimensões analíticas contrastantes de estruturas organizacionais. Uma dimensão diferencia uma ênfase na flexibilidade, espontaneidade (típicas dos processos orgânicos), da ênfase na estabilidade, ordem e controle (típicas dos processos mecanicistas). Uma segunda dimensão diferencia uma orientação interna com foco na integração, colaboração e união de uma orientação externa, com foco na diferenciação, competição e rivalidade (ver Figura 1 à frente). 

Os quadrantes também são contraditórios ou concorrentes na diagonal. Os quadrantes definem quatro culturas organizacionais: a) Clã: culturas orientadas à colaboração (para fazer as coisas juntos); b) Adhocracy: culturas dinâmicas e empreendedoras, com foco no risco e na inovação (para fazer as coisas pioneiramente); c) Mercado: culturas orientadas a resultados, com foco em competição (para fazer as coisas rapidamente); e, d) Hierarquia: culturas estruturadas e controladas, com foco em eficiência, estabilidade (para fazer as coisas certas).

Ao contrário dos estudos qualitativos etnográficos, o CVF foi pensado para expressar medidas quantitativas de uma variedade de ambientes organizacionais.  Ele foca nas tensões e conflitos concorrentes inerentes a qualquer sistema humano. No livro acima citado os autores apresentam uma metodologia (Organizational Culture Assessment Instrument – OCAI) para diagnosticar a cultura organizacional e instruções para como completar e estabelecer scores para ela.

Apesar do seu apelo (pelo modo intuitivo de concepção) e popularidade, o CVF, no entanto, não foi pensado para contextos organizacionais eminentemente voltados à tecnologia e à inovação.  Sendo assim, fazendo uso dos aspectos da cultura da inovação explicitados no livro de Philipp Herzog (ver newsletter de 19/10/2015), sobre a existência de “construtos orientadores” relacionados com inovação, ou “mentalidades orientadoras”, ou “facetas” da cultura inovadora (como a mentalidade “orientada ao mercado” – market orientation, a mentalidade “orientada à tecnologia” – technology orientation, a mentalidade “orientada ao espírito empreendedor”- entrepreneurship orientation, e a mentalidade “orientada ao aprendizado” - learning orientation), podemos identificar o que pode aqui ser chamado de “Innovation Competing Values Framework- ICVF” (apontado na Figura 2 à frente), que representa a justaposição dos valores da inovação no CVF.

E como podemos associar o Modelo de 4 Níveis de Competências a este ICVF?  Basta recordar o que representam os 4 níveis definidores deste modelo: N1- Recursos; N2- Capacidades; N3- Soluções; e, N4- Negócios (ver newsletter de 19/10/2015).  Logo, pelas definições de cada um destes níveis, é possível associar os Níveis 1 e 2 aos quadrantes esquerdos do ICVF (sem especificar precisamente se no quadrante superior ou inferior), e os Níveis 3 e 4 aos quadrantes direitos do ICVF (sem, necessariamente, especificar se no quadrante superior ou inferior).

O que podemos inferir, a partir deste modelo denominado ICVF, é que as empresas de TICs no Brasil parecem refletir o fato de que os valores dos quadrantes da esquerda do ICVF (valores de aprendizado/pesquisa e de tecnologia) estão dominando a cultura da inovação em detrimento dos valores que são fundamentais aos negócios inovadores, que são característicos dos valores dos quadrantes da direita do ICVF (hegemonia que se constata independentemente se os processos organizacionais são orgânicos ou mecanicistas), apesar da onda de “startapismo” emergente no país!

Com este ICVF a Creativante passa a ter um novo modelo para aferir a cultura de inovação das empresas, organizações e instituições. E se estas ainda não possuírem uma cultura de inovação, este modelo possibilita qualquer gestor a detectar como se encontram os valores da sua cultura corporativa e como ela pode evoluir para uma cultura de inovação!

Se sua empresa, organização ou instituição deseja saber mais sobre os valores concorrentes da cultura organizacional, não hesite em nos contatar!

 

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