Na newsletter de 24/03/2013 tivemos a oportunidade de tratar do artigo “Predicting the Present with Google Trends”, onde o Prof. Hal Varian (Chief Economist Officer do Google), em co-autoria, aponta como utilizar o Google Trends para prever o nível corrente da atividade econômica. Nesta newsletter temos a oportunidade de apontar para uma nova teoria que ajuda a prever o que está ocorrendo nas economias mais desenvolvidas do planeta.
Em trabalho intitulado “A Theory of Falling Growth and Rising Rents”, publicado em agosto deste ano como um working paper do Federal Reserve Bank of San Francisco, Philippe Aghion (College de France and London School of Economics), Antonin Bergeaud (Banque de France), Timo Boppart (IIES, Stockholm University), Peter J. Klenow (Stanford University), e Huiyu Li (Federal Reserve Bank of San Francisco), apontam-nos para o seguinte.
Recentes estudos têm documentado os seguintes padrões na economia americana ao longo das últimas décadas: 1) Queda no crescimento de longo prazo (interrompido por um temporário rebentamento de crescimento); b) Queda na participação do componente trabalho, devido ao crescimento da proporção de receitas de empresas de baixa participação do trabalho; 3) Crescimento da concentração de empresas em indústrias ao nível nacional.
No trabalho aqui resenhado os autores constroem uma teoria de crescimento endógeno com empresas heterogêneas (*) que se volta para dar uma explicação para estes fatos. Há duas fontes principais de heterogeneidade do modelo. Primeiro, qualidade do produto que melhora endogenamente em cada linha de produto através de inovação e criação destrutiva. Segundo, eficiência de processo, a qual é invariante no tempo e é desigualmente distribuída ao longo das empresas na economia. Empresas de alta eficiência em processos comandam um markup (margem de lucro) mais elevado que empresas de baixa produtividade, tendo como condicional ter a mesma vantagem de qualidade de produto sobre seus competidores.
Uma possível fonte de diferenças persistentes em eficiência de processos ao longo das empresas é seu capital organizacional. Empresas tais como Walmart e Amazon têm estabelecido modelos e logísticas de negócios de sucesso que são evidentemente difíceis de copiar. Ambas empresas experimentaram considerável expansão em novos mercados geográficos e de produtos nas últimas duas décadas. Similarmente, Amazon e Microsoft têm adquirido posições dominantes em armazenamento e processamento computacional na cloud devido às suas vantagens logísticas sobre potenciais competidores. Tais empresas têm atingido um nível de eficiência em processos que é mais difícil para engenharia reversa e para construir do que qualidade, que é mais observável.
O argumento dos autores é que a onda de TI (Tecnologia de Informação) dos anos 1990s permitiu empresas de alta produtividade estenderem suas fronteiras – e expandir para um mais amplo conjunto de linhas de produtos. Os autores modelam a onda de TI como uma mudança para baixo nos custos gerais de operar tais linhas de produção. Como empresas de alta produtividade desfrutam de lucros mais altos por linha de produção, a mudança para baixo dos custos gerais permite empresas de alta produtividade expandirem para uma mais alta fração de linhas. Esta expansão das empresas de alta produtividade alimenta um temporário empurrão no crescimento da produtividade agregada – ambos porque elas inovam para atingirem mais mercados (trazendo mais melhorias em qualidade) e porque elas aplicam suas eficiências de processos para aqueles mercados adicionais. No entanto, no longo prazo a queda nos custos gerais pode levar a uma desaceleração na produtividade ao mesmo tempo em que aumenta os markups agregados e reduzem a participação agregada do trabalho.
Em resumo, o que os autores explicam é que a expansão da TI dos anos 1990s está relacionada ao presente baixo passo de crescimento em duas etapas: primeiro, a expansão da TI aumentou a competição, e, segundo, a competição intensificada eventualmente deteve inovação. Esta segunda etapa, por seu turno, contribuiu para a eventual desaceleração do crescimento da produtividade da economia americana (bem como de outras economias desenvolvidas) nos anos recentes.
Se sua empresa, organização ou instituição deseja saber mais sobre a dinâmica das principais economias do mundo, não hesite em nos contatar!
(*) Ver apresentação dos modelos de crescimento endógeno feita pelo editor desta newsletter em 2006: em 17/12/2006, 18/12/2006 -2, 18/12/2006-3, 18/12/2006-4, 18/12/2006-5, e 20/12/2006-6.