O conceito de “disruption” (disrupção, ruptura ou perturbação em português) conquistou popularidade a partir dos trabalhos de Clayton Christensen (Professor da Harvard Business School, nos EUA, falecido em 2020), particularmente seu livro mais famoso intitulado “a href="https://www.amazon.com/-/pt/dp/1633691780/ref=sr_1_1?crid=3595JPVZMWK8K&keywords=the+innovators+dilemma+by+clayton+christensen&qid=1654626005&sprefix=The+Innovator´s+Dilemma,aps,288&sr=8-1""""The Innovator´s Dilemma” (O Dilema do Inovador), publicado em 1997.
O livro é sobre os determinantes do fracasso de companhias em ficarem no topo de suas indústrias quando elas confrontam certos tipos de mercado e mudança tecnológica. Não é um livro sobre o fracasso de qualquer companhia, mas sim das boas companhias – aquelas que muitos gestores admiraram e tentaram emular, companhias conhecidas por suas habilidades para inovar e executar.
A mensagem do Prof. Christensen era simples (razão pela qual ganhou tanto reconhecimento entre profissionais de inovação e de negócios): “Somente administrar bem não o torna seguro. Na verdade, pode ser sua queda”! Durante os anos que sucederam a publicação do seu livro, sua “teoria de disrupção” passou a ser “a explicação” para muitos fracassos de empresas, particularmente aquelas do mundo tecnológico e da inovação.
E a razão para tal podia ser encontrada na simplicidade de como ele advogou o conceito de disrupção. Ou seja, o fenômeno da disrupção ocorre quando empresas de sucesso fracassam ao continuarem a fazer escolhas que guiaram seus sucessos. Em outras palavras, quando novos produtos ou tecnologias entram no mercado, as empresas de sucesso não conseguem manter suas condições competitivas.
A dominância desta “teoria da disrupção” começou a sofrer sua própria “disrupção” a partir da publicação, pela MIT Press em 2016, do livro intitulado “a href="https://www.amazon.com/-/pt/dp/B08BSZV3TB/ref=sr_1_1?__mk_pt_B=ÅMÅŽÕÑ&crid=RLG2XEGX2HS5&keywords=the+disruption+dilemma&qid=1654628327&sprefix=the+disruption+dilemma,aps,302&sr=8-1" tar" rel"><em"The Disruption Dilemma” (O Dilema da Disrupção), por Joshua S. Gans, Professor da Rotman School of Management, da University of Toronto, Canadá.
Neste livro o Prof. Gans define o fenômeno da disrupção e explora em detalhe as teorias da disrupção; considera se a disrupção pode ser prevista e quando as empresas podem estar numa posição de diagnosticá-la; examina como empresas têm estado aptas a reagir e gerenciar eventos de disrupção; considera métodos propostos para lidar com disrupção proativamente (antes que tais eventos emerjam e prejudiquem os negócios dos incumbentes); volta atrás para reconsiderar a indústria mais estudada em termos de disrupção (a hard disk drive industry, foco do livro do Prof. Christensen); e, finalmente, trata do futuro da disrupção.
Apesar de neste livro o Prof. Gans vencer o confuso debate sobre o mais que usado termo de disrupção, e o pensamento frágil que dominou o campo da inovação, oferecendo ferramentas para pensar à frente, somente mais recentemente é que ele ousou em apresentar sua própria “teoria de disrupção”. No artigo intitulado “A Theory of Visionary Disruption”, publicado no National Bureau of Economic Research - NBER em maio de 2022, o autor estende trabalho anterior, intitulado “Experimental Choice and Disruptive Technologies”, de 2021, para argumentar o seguinte.
O que é relevante, e novo, na explicação para o fenômeno de empresas de sucesso fracassarem não é a “falta de atenção” para uma potencial disrupção, mas sim o conhecimento dos métodos pelos quais as empresas avaliam novas oportunidades tecnológicas. Ou seja, segundo o Prof. Gans o desafio é o de saber como os agentes reúnem informação para determinar decisões de “exploitation”, um processo que ele chama de “exploration” (*).
A “exploitation” de tecnologias disruptivas frequentemente requer emprego de recursos (tanto de parte de empresas empreendedoras quanto de empresas incumbentes), o que cria conflito se existem crenças divergentes (mais comum nas empresas incumbentes) com respeito à eficácia de uma nova tecnologia. Isso emerge quando um agente visionário (que pode ser um empreendedor ou um líder incumbente) tem mais crenças otimistas sobre uma oportunidade tecnológica. A “exploration” na forma de experimentos pode ser persuasiva quando crenças diferem ao mitigar desacordos e seus custos.
Sendo assim, no artigo de 2022 o autor examina escolha experimental (ou seja, como a escolha da empresa do tipo de experimento impacta sua potencial “exploitation” de novas oportunidades tecnológicas) quando experimentos precisam tanto persuadir quanto informar. No trabalho é mostrado que, devido às restrições de recursos, a persuasão influencia mais as empresas empreendedoras do que as incumbentes. No entanto, empresas incumbentes, apesar de estarem aptas para reempregar recursos usando autoridade, são restringidas na adoção à medida que a “exploration” não pode mitigar os custos do desacordo.
Em resumo, há muito mais o que explorar nesta nova contribuição, mas aqui se pode fazer uma analogia à simplicidade da mensagem da Teoria de Disrupção do Prof. Christensen (vista acima). A partir da Teoria do Prof. Gans, pode-se inferir que a mera definição estratégias empresariais, sem o devido conhecimento de como as empresas avaliam oportunidades tecnológicas, é uma receita certa para o fracasso! Ou seja: “Somente estrategizar bem não o torna seguro. Na verdade, pode ser sua queda”!
Se sua empresa, organização ou instituição, deseja saber mais sobre novas teorias de disrupção, não hesite em nos contatar!
(*) Em inglês “exploration” se refere a uma investigação em área não familiar para aprender sobre algo. Por outro lado, “exploitation” se refere ao uso ou tratamento de alguém ou de algo, ou fazer uso de um recurso.