Nas newsletters de 16/01 e de 23/01 tratamos sobre estratégias de moats digitais e estratégias de inovação, e suas relações de complementaridade. Semana passada (em 30/01) trouxemos para discussão as estratégias de resiliência e antifragilidade. Nesta newsletter discutimos brevemente como essas duas últimas estão sendo vistas como relevantes para o enfrentamento de disrupções de variada natureza.
Em recente trabalho para a revista Technological Forecasting & Social Change, intitulado “Approaches for resilience and antifragility in collaborative business” (Enfoques para resiliência e antifragilidade em negócios colaborativos) Javaneh Ramezani e Luiz M. Camarinha-Matos, ambos da Nova Universidade de Lisboa, em Monte Caparica, Portugal, fazem as seguintes perguntas de pesquisa: a) Quais são os enfoques emergentes para lidar com disrupções em ecossistemas de negócios?; b) Que áreas de conhecimento estão contribuindo para essa discussão?; e, c) Quais são os exemplos relevantes de enfoques para enfrentar disrupções?
Utilizando a técnica de Systematic Mapping (SM) – Mapeamento Sistemático, uma versão mais simplificada do método de Systematic Literature Review (SLR) – Revisão Sistemática da Literatura, os autores observam que considerável atenção de parte de acadêmicos e praticantes tem sido dada às estratégias desenhadas para mitigar riscos e responder eficientemente a incidentes de risco com dois propósitos: a) recuperar um sistema de choques súbitos, e, b) reduzir as consequências negativas de disrupções.
Com respeito ao modo como os sistemas respondem às disrupções, um número de características pode ser destacado: fragilidade, robustez, resiliência e antifragilidade. Os autores apontam que resiliência e antifragilidade são os enfoques mais poderosos, e por isso eles se constituem o foco do seu trabalho. Entendimentos parciais e perspectivas para estes conceitos têm sido desenvolvidos em múltiplas disciplinas e áreas de conhecimento e são sumarizados em duas tabelas do trabalho.
Sendo assim, os autores identificaram três dimensões para o conceito de resiliência: a) Capacidade de um sistema recuperar de um trauma e restaurar (i.e., estabilidade); b) Capacidade de um sistema manter um estado desejável (i.e., voltar para uma nova condição de equilíbrio ou um estado aceitável); e, c) Capacidade de um sistema resistir stress com o foco em limites de persistência (i.e., gradual adaptação e transformação).
Sistemas antifrágeis, por outro lado, são aqueles que não somente sobrevivem a choques, mas também os utilizam para se tornarem mais fortes. Antifragilidade é, então, uma propriedade de sistemas que se adaptam à volatilidade e aprendem com as experiências, falhas, e incidentes, por exemplo, através de um processo de “learning by doing” (aprender ao fazer) a como prosperar à medida que as condições evoluem (i.e., adaptabilidade e capacidade de evolução). Isto significa, ir além do alvo tradicional de resiliência, desejando melhoria e, portanto, trazendo uma nova perspectiva de sustentabilidade e generatividade aos sistemas adaptativos complexos. A relação entre as noções acima é ilustrada pelos autores na Figura 1 à frente.
De forma a apresentar uma percepção mais contextualizada das estratégias pesquisadas e suas aplicabilidades, os autores sugerem uma categorização de acordo com as três fases gerais da gestão de desastres: Readiness (Prontidão), Response (Resposta), e Recovery (Recuperação). Sendo assim, o trabalho apresenta uma longa lista de estratégias de resiliência e de antifragilidade, indicando em qual fase elas mais se relacionam. Como são amplas as estratégias, os autores apresentam uma figura (replicada na Figura 2 à frente) de um “espaço de decisão”, organizado para gestores e tomadores de decisão, representando um panorama compreensivo das estratégias de lidar com disrupção identificadas, classificadas de acordo com seis meta-levels (níveis-meta): a) “discovering” - descoberta (entender o ambiente); b) “avoiding” - evitar (prevenir situações de ameaças); c) “do nothing” – fazer nada (aceitar o risco da disrupção); d) “reducing” - reduzir (mitigar vulnerabilidades); e) “managing” – gerenciar (administrar a complexidade do sistema; f) “learning and adapting” - aprender e adaptar (resolver criativamente os problemas).
O trabalho como um todo é bem mais amplo do que podemos aqui resumir. No entanto, representa um bom apanhado do atual entendimento das estratégias de resiliência e de antifragilidade para o enfrentamento de disrupções, particularmente nos negócios competitivos das áreas de tecnologia e inovações. Ao lado das estratégias de moats digitais e das estratégias de inovação, elas representam um poderoso arsenal para a conquista de vantagens competitivas sustentáveis num mundo cada vez mais complexo e incerto!
Se sua empresa, organização ou instituição deseja saber mais sobre estratégias de resiliência e antifragilidade, não hesite em nos contatar!