O MANIFESTO

O mundo moderno passa pela dimensão Digital. Logo, o Brasil precisa defender sua Soberania Digital

Por Soberania Digital, entenda-se o compromisso com a segurança dos seus cidadãos, serviços públicos, ativos e negócios no ciberespaço. Defender a Soberania Digital significa assumir um papel protetor baseado em valores centrais, tais como a Soberania Nacional, respeito à ordem democrática, liberdades civis, e cooperação entre Nações.

Defender a Soberania Digital do Brasil significa poder definir seu próprio tipo de Economia e Sociedade Digitais

Existem hoje basicamente três tipos globais de economias digitais, cada um com suas peculiaridades positivas e negativas. No entanto, a trajetória histórica recente de nossa economia digital é bastante influenciada pelo American-style techno-libertarianism (1). Este estilo de economia (e sociedade) proporcionou a conformação de um dos maiores impérios econômicos já vistos, com tecnologias, inovações e negócios sem precedentes. No entanto, como apontado pelo Prof. Paul Romer (2), Prêmio Nobel de Economia de 2018, há sérios problemas com este modelo socioeconômico:

"Considere, por exemplo, o indicador quantitativo mais básico: a extensão média de uma vida. Por boa parte do último século, a expectativa de vida nos EUA aumentou praticamente alinhada com aquela da Europa Ocidental. Mas ao longo das últimas quatro décadas, os EUA têm ficado cada vez mais para trás. Em 1980, a vida média de um americano era um ano a mais do que a média do Europeu. Hoje, está dois anos mais curta. Por um longo tempo, a expectativa de vida dos EUA estava ainda crescendo, mas mais devagar do que na Europa; em anos recentes tem caído. Uma sociedade está dificilmente fazendo progressos quando as pessoas estão morrendo mais jovens”.

Para poder definir o seu próprio tipo de economia e sociedade digitais, o Brasil precisa ´devorar´ o que há de positivo nos diversos tipos de economias e sociedades digitais, aprendendo as lições com o que há de negativo

Observando os outros dois tipos globais de economias digitais [o European Union - EU´s regulatory approach”, expresso pelo chamado “Efeito Bruxelas” (3)], e o [Chinese digital authoritarianism (4)], pode-se perceber que o estilo Europeu descreve hoje um conjunto de habilidades tanto para indivíduos quanto para a sociedade que conformam a transformação digital (em curso) de maneira mais social e ambientalmente equilibrada (apesar de sua pouca relevância tecnológica no cenário internacional). Já o modelo Chinês, mesmo apresentando um estilo de governança autocrático (inspirando os devidos cuidados com relação aos direitos individuais), é capaz de produzir pujança e estabilidade econômicas, e inovação em tecnologia e negócios que despertam a atenção mundial.

Sendo assim, como uma forma definir seu próprio tipo, e de tentar superar suas duas fraquezas fundamentais (5), a economia digital do Brasil necessita se apropriar dos vários importantes aspectos dos três tipos globais de economias digitais, e não apenas de um (marcadamente o American-style techno-libertarianism). E um passo inicial importante nessa direção pode ser o de pensar a sua Soberania Digital!

Se sua empresa, organização ou instituição deseja saber mais sobre o movimento geoantropófago digital, não hesite em nos contatar!

  1. Tratado na newsletter de 27-02-2022.
  2. Romer, Paul (2020). The Dismal Kingdom. Do Economists Have Too Much Power?. Review Essay. Foreign Affairs. March/April.
  3. Tratado na newsletter de 13-02-2022.
  4. Tratado na newsletter de 20-02-2022.
  5. Vistas na newsletter de 13-03-3022, a saber: i) primeiramente, o país não reencontrou sua trajetória de crescimento econômico observada entre os anos 1940 e 1980s, e tem lutado (a partir de então) para gerar forte e sustentado crescimento de sua produtividade; ii) e a segunda fraqueza de seu modelo econômico está relacionada com a sustentabilidade dos compromissos do seu gasto público.