Finanças Comportamentais é a área de Finanças que estuda a interseção das Finanças com a Psicologia, e explora o efeito de vieses cognitivos no comportamento dos participantes do mercado, no funcionamento dos mercados de capitais, e nos preços do capital e de outros ativos (Itzhak Venezia, 2018).
É a área de crescimento mais rápido na pesquisa acadêmica em Finanças. Ela começou sua subida meteórica em meados dos anos 1980s, e é agora uma parte importante das Finanças em investimentos e em finanças corporativas. Alguns autores associam seu surgimento ao da Behavioral Economics – Economia Comportamental; no entanto, nesta newsletter damos brevemente uma ênfase ao aspecto mais voltado às Finanças.
Finanças é uma área dinâmica e tem desenvolvido muitas subáreas ao longo do tempo por conta de novos achados teóricos, desenvolvimentos de mercado e legislação. Por exemplo, o mercado de opções cresceu nos anos 1970s, em parte devido a avanços teóricos na precificação de opções. Da mesma forma, a área se desenvolveu como uma reação aos achados teóricos em Psicologia e às evidências dos mercados financeiros que não assentaram bem com a ideia de eficiência de mercado (Itzhak Venezia, 2018).
Esses achados deslancharam a fusão de insights (discernimentos) dos dois campos distintos para criar as finanças comportamentais. A nova área, como é apontado no livro publicado em 2018 por Itzhak Venezia, contribui consideravelmente para o entendimento do comportamento dos mercados de capitais e dos participantes dos mercados de capitais. A área tem muitas aplicações que ajudam indivíduos, corporações, analistas, investidores profissionais e legisladores a tomarem melhores decisões financeiras, e a melhorarem o funcionamento dos mercados de capitais.
Uma vez que as finanças comportamentais exploram vieses, a área aponta principalmente para atividades que tomadores de decisões precisam evitar. No entanto, revelar os vieses cognitivos dos tomadores de decisões e se tornar consciente das falhas em seus julgamentos, permite-nos encontrar caminhos para superar tais vieses e a desenhar políticas para melhorar a tomada de decisão financeira, e o funcionamento dos mercados de capitais.
Como indicado em Itzhak Venezia (2018), autores como Ariely (2008, 2010), Kahneman (2011), e Thaler e Sunstein (2009), popularizaram as finanças comportamentais ao tornarem os conceitos desta área mais acessíveis aos acadêmicos, analistas, investidores profissionais e leigos. Uma lista de alguns dos tópicos tratados na área inclui os seguintes temas: Efficient Markets, Rationality and Utility Theory (Mercados Eficientes, Racionalidade e Teoria da Utilidade); Prospect Theory (Teoria da Perspectiva ou do Prospecto); The Disposition Effect (O Efeito Disposição) (*); Overconfidence (Excesso de Confiança); Herding (Pastoreio ou Comportamento de Manada, ou de Gado); Overreaction and Underreaction (Reação Exagerada e Sub-Reação ); The Risk Premium Puzzle and Loss Aversion (O Quebra-cabeças do Prêmio de Risco e a Aversão ao Risco); The Home Bias (Viés de Casa) (**); Limits to Arbitrage (Limites à Arbitragem); Markets (investors) Sentiments (Sentimentos dos Mercados ou de Investidores); Biases in Savings and Insurances (Vieses em Poupanças e em Seguros); The Hot Hand (A Mão Quente) (***); Accounting Anomalies (Anomalias Contábeis); Appearance and Disappearance of Anomalies (Aparecimento e Desaparecimento de Anomalias)
Apesar da lista de tópicos ser extensa, ela não exaure todos os tópicos de finanças comportamentais. Apesar da área ser relativamente nova, ela se tornou grande. Entretanto, o curso apresentado no livro de Itzhak Venezia cobre as mais importantes teorias e questões. Ele enfatiza o significado amplo dos conceitos de Finanças e de Psicologia mais do que cobrir em detalhe os pontos estatísticos e teóricos.
Em resumo, eis aí uma área em franca expansão e que tem contribuído sobremodo para um melhor entendimento dos mercados financeiros e dos players nele envolvidos!
Se sua empresa, organização ou instituição deseja saber mais sobre Finanças Comportamentais, não hesite em nos contatar!
(*) O efeito disposição se refere à tendência dos investidores de vender ativos que aumentaram de valor, mantendo ativos que caíram de valor.
(**) Termo dado para descrever o fato de que indivíduos e instituições na maioria dos países detêm apenas quantias modestas de capital estrangeiro, e tendem a favorecer fortemente ações de empresas de seu país de origem
(***) Ou “pé-quente”, refere-se a uma pessoa que experimenta um resultado de sucesso tem uma grande chance de sucesso em futuras tentativas.